O evento: já há Governo ‒ e já há quem seja contra
Irmanado à sua direção partidária e pontuado com rostos inesperados, o Governo do novo primeiro-ministro não conta, à partida, com uma má equipa ministerial. 7 mulheres em 17 governantes; 8 doutorados entre eles, 5 independentes com percurso próprio e autónomo da política. Paulo Rangel nos Negócios Estrangeiros, Joaquim Sarmento nas Finanças, Fernando Alexandre na Educação e José Manuel Fernandes na Agricultura são nomes sólidos nas suas áreas.
Há, todavia, pontos de interrogação que merecem sobreaviso. Os dois líderes partidários que encabeçam a coligação não têm qualquer experiência governamental. A única pessoa que foi ministra antes ‒ Graça Carvalho ‒ desempenhou o cargo há mais de vinte anos, estando hoje com quase 70. Rita Júdice, que se estreou na política como candidata ao Parlamento, será ministra da Justiça apesar de a única coisa que a relaciona com o setor ser a advocacia. Fernando Alexandre, que foi secretário de Estado da Administração Interna, professor de Economia e perito em Infraestruturas, tutelará escolas e professores. Joaquim Sarmento, que é um técnico de mão cheia, nem sempre foi feliz na gestão do grupo parlamentar do PSD.
O resultado da ação governativa não dependerá em exclusivo da sua qualidade ou vontade, mas sobretudo da capacidade política para dirigirem cada pasta. E do Ambiente e Energia ao superministério que concentrou a Educação e o Ensino Superior, passando pelas águas turvas do sistema judicial, uma coisa é certa: não será fácil.
No final desta semana, quando forem conhecidos os secretários de Estado, talvez uma ou outra surpresa confiram outra energia a um Governo cuja sobrevivência dependerá de um movimento constante entre a ação e a reação.
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