O protagonista: O Pedro Nuno de volta
A pedido de muitas famílias, o candidato a primeiro-ministro do Partido Socialista pôs finalmente termo à sua tentativa de mimetizar António Costa. As performances contidas, o vazio programático e o receio do risco foram substituídos, este fim-de-semana, por um longo discurso de ideologia, improviso e combate. Se é para perder, prefiro perder sendo eu próprio, é o mantra que parece preencher o ar pedronunista.
Com uma mensagem polarizadora contra a direita, desta vez Pedro Nuno Santos radicalizou na moldura e no quadro. As propostas do seu “plano de ação” para o país incluem ideias como compensações ao Estado por parte de médicos que decidam emigrar ou trabalhar no setor privado. Para o voto útil à esquerda talvez funcione; para quem aprecie moderação, nem por isso.
O evento: O não na ilha
Um dos sinais que pré-anunciaram o regresso de Pedro Nuno ao seu formato original foi a decisão que o PS tomou, mesmo que a nível regional, não-viabilizando a vitória de José Manuel Bolieiro apesar de não ter uma maioria alternativa para apresentar aos açorianos. Escrevi sobre ela este fim-de-semana, aqui no Expresso. Mas verdadeiramente surpreendente foi a reação de Tiago Antunes, atual secretário de Estado dos Assuntos Europeus e ex-secretário de Estado-adjunto de António Costa. Para o governante, a opção do PS/Açores “rompe com o cordão sanitário” ao partido de André Ventura, empurrando o PSD para os seus braços.
“Se o Partido Socialista tem vindo a chamar a atenção para os perigos do Chega e de uma governação dependente do Chega, como pode agora conformar-se com este desfecho quando está nas suas mãos evitá-lo?”, é a questão deste socialista. E é uma inescapável.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt