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“The Affair” (cinco temporadas na SkyShowtime) é uma das grandes séries-para-adultos dos últimos anos. Produzida originalmente para o canal premium Showtime, onde o pagamento mensal servia de manifestação de interesse, e como num livro que vale a pena, “The Affair” leva o tempo seguro a desenvolver os personagens e linhas de ação – os seus arcos, para usar o termo preciso. Como na vida dos adultos, há coisas que levam tempo, implicam perdas, sofrimento, lutas interiores, desilusões e nenhumas garantias de finais felizes. “The Affair” assume desde o primeiro episódio esse desencanto que toca a todos, não há magias nem inverosimilhanças. Seremos apresentados a um marido a entrar na meia-idade que deixa mulher e filhos (bem como os sogros endinheirados e metediços) porque é acometido de uma paixão retumbante por uma empregada de mesa que conhece quando vai de férias com a família. Os demónios que o levam a abandonar o lar já lá estavam, dir-se-ia, as frustrações tornam-no um homem a caminho do desprezível, o tema é gasto e batido na ficção (e em vidas reais), só que aqui somos seduzidos pelo recurso ao efeito Rashomon, o que nos aproximará mais das coisas-como-elas-são, porque certos incidentes nos são mostrados em versões bem diferentes, dependendo do ponto de vista do personagem que conta a história.
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