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A administração que se segue

A administração que se segue

João Cândido da Silva

Coordenador do Expresso Online

Susan Wiles e Donald Trump
Carlos Barria/Reuters

Bom dia,

Antes de mais, um convite: amanhã, às 14h00, "Junte-se à Conversa" com David Dinis e Eunice Lourenço. “Montenegro devia remodelar?” será a questão em debate. Inscreva-se aqui.

Um assomo inicial de entusiasmo criou a ilusão de que a candidatura de Kamala Harris à liderança dos Estados Unidos da América teria fortes possibilidades de ser coroada de êxito. Entre os dirigentes e eleitores democratas, o alívio pela desistência de Joe Biden da corrida, depois de uma prestação desastrosa no debate televisivo com Donald Trump, alimentou um sonho que se foi desmoronando até ao fim da campanha.

Uma semana depois da decisão que reconduziu o milionário à Casa Branca, uma questão ainda procura respostas: o que explica o fracasso estrepitoso da Vice-Presidente numa eleição que se julgava que iria ser renhida até à contagem do último voto? E enquanto peritos, analistas e membros do partido democrático tentam, agora, desvendar uma América que desconheciam e da qual pareciam estar alheados, o Presidente reeleito forma a equipa que vai conduzir os destinos do país durante os próximos quatros anos, num processo de escolha que dará sinais sobre o estilo e o conteúdo do novo executivo.

A imprensa norte-americana indica que Marco Rubio é um nome provável para vir a ser o responsável pela condução da política externa, uma das áreas sensíveis numa conjuntura marcada por dois conflitos bélicos, na Ucrânia e no Médio Oriente, e por tensões crescentes entre os Estados Unidos e a China. O jornal ‘The New York Times’ refere que o senador republicano de Miami tem uma posição agressiva em relação a Pequim e ao Irão e defende o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia, restando saber se em termos simpáticos para os interesses e ambições de Putin, em sintonia com Trump.

Mike Waltz, que foi consultor dos ex-secretários da Defesa Donald Rumsfeld e Robert Gates, poderá ser indicado para a pasta da Segurança Nacional e Lee Zeldin foi já garantido na liderança da Agência de Protecção Ambiental, com a garantia de que “são tomadas decisões de desregulação rápidas e justas que impulsionarão a força das empresas americanas, mantendo ao mesmo tempo os mais elevados padrões ambientais”, uma promessa com escassas hipóteses de deixar descansados os ambientalistas. Tom Homan, homem da linha dura em matéria de imigração, vai assumir o dossiê que promete milhões de deportações durante os próximos anos.

Para chefe de gabinete, Donald Trump guardou uma surpresa. Pela primeira vez, o cargo vai ser desempenhado por uma mulher. Susan Wiles foi a principal responsável pelo sucesso da campanha eleitoral do candidato republicano. Trump descreveu-a como “dura, esperta, inovadora e universalmente admirada e respeitada”. Apelida-a de ‘donzela de gelo’, resumo de um perfil que pode gerar o género de tensões que transformaram o arranque do seu primeiro mandato num caos de demissões e contratações.






OUTRAS NOTÍCIAS

Bispos discutem indemnizações. As compensações financeiras às vítimas de abusos sexuais no interior da Igreja Católica estão na ordem dos trabalhos do encontro dos bispos na Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa. “Um passo importante para o reconhecimento do mal que lhes foi infligido e de pedido de perdão”, afirma José Ornelas.

Um despacho omisso. Jorge Ribeirinho Machado foi constituído arguido em 2017 no processo EDP, mas o despacho de outubro que acusou António Mexia, João Manso Neto e Manuel Pinho de corrupção ´é omisso quanto ao estatuto processual do antigo diretor-geral da EDP, que faleceu no último fim-de-semana.

Centeno encerra Banco de Portugal. Os trabalhadores do Banco de Portugal foram chamados para a reunião geral anual a 19 de novembro. Os serviços de atendimento presencial do Banco de Portugal estarão encerrados. É a última reunião do mandato de governador de Mário Centeno.

Novas drogas na Madeira. A extensão do Laboratório de Polícia Científica da Madeira detetou, em pouco mais de um ano, sete novas substâncias de droga na região que nunca haviam sido detetadas em Portugal.

Megaoperação foi “normal”. Em audição no Parlamento, a ministra da Administração Interna rejeitou que a megaoperação da PSP realizada na sexta-feira passada no Martim Moniz, em Lisboa, tenha sido politizada. Foi uma “ação normal”, garantiu Margarida Blasco.

Catástrofe em Valência. Juan Bordera, político e especialista climático espanhol, defende, em entrevista ao Expresso, que o presidente da região de Valência deve ser afastado e processado. Teme que os interesses imobiliários sequestrem a reconstrução das povoações devastadas pela intempérie.

Manchetes e “delicadezas”. Eliane Brum esteve em Portugal para lançar o livro “Meus desacontecimentos”. Em conversa com o Expresso, explicou a sua forma de encarar o jornalismo e contou porque decidiu mudar-se durante três meses para a Europa.

Web Summit arranca. Na abertura, Luís Montenegro anunciou o lançamento de um modelo de linguagem de Inteligência Artificial em português. O evento integra o número recorde de 3000 ‘startups’, além de 70 mil participantes e mil investidores.

Perdas pesadas da Rússia. O chefe do Estado-Maior do Reino Unido, Tony Radakin, afirmou que Moscovo sofreu, em Outubro, as perdas de tropas mais significativas desde o início da guerra na Ucrânia, o preço dos esforços russos destinados a assegurar ganhos territoriais.

O 402º dia de guerra no Médio Oriente. Mais de metade das instalações de saúde do Líbano foram encerradas devido à ofensiva do exército israelita, que causou insegurança e destruição generalizadas no país, alertou a Organização Mundial de Saúde para o Mediterrâneo Oriental.

FRASES

“A ideia de que a maioria do momento tem sempre razão per se é a génese do fascismo ou do comunismo ou de qualquer movimento ditatorial. A democracia pura é como o mercado: só define fluxos de poder momentâneos”, Henrique Raposo

“Lisboa, felizmente, tem muitos turistas, mas não parecem ser demais, salvo para aqueles que gostavam de ver a cidade deserta, decrépita e morta, na Baixa, por exemplo, a partir das 22 horas. Falo do que vi e do que sei, e não de teorias”, Henrique Monteiro

“Muito do PS inserto na estrutura política nacional da última década, deixou de falar com a gente comum, foi impingindo ideias, por vezes só slogans, sobre o que é ser socialista”, Ascenso Simões

PODCASTS

'Expresso da Manhã'. A Alemanha vai ter eleições antecipadas, a partir do momento em que a moção de confiança apresentada pelo governo minoritário for chumbada. Paulo Baldaia e Pedro Cordeiro analisam a crise política germânica.

Comissão Política’. A greve no INEM voltou a colocar a ministra da Saúde sob críticas da oposição e de vários sectores da sociedade. David Dinis, Vítor Matos e Vera Lúcia Arreigoso discutem o tema.

Geração 90’. Veio de Angola com três anos e cresceu em Algueirão Mem Martins. Joaquim Paulo é hoje Ivandro, um dos nomes incontornáveis da música portuguesa. Ouça o novo episódio com Júlia Palha.

Humor à Primeira Vista’. Com Gustavo Carvalho, o jornalista de cinema e televisão José Paiva Capucho, que escreve habitualmente para o Expresso, avalia as hipóteses de o filme "Anora" sair por cima nos Óscares.

O QUE EU ANDO A OUVIR

The Old Country (Live at the Deer Head Inn)”, Keith Jarrett. Em Setembro de 1992, Keith Jarrett deu um concerto no clube de jazz Deer Head Inn, na Pensilvânia. Uma parte da actuação, na companhia de Gary Peackock, no contrabaixo, e Paul Motion, na bateria, foi revelada ao mundo através de um álbum lançado dois anos depois. Agora, vêem a luz do dia mais oito temas que foram registados naquela noite, testemunhos do incrível talento de um dos grandes pianistas de sempre e no formato de trio em que assinou as mais brilhantes páginas da sua carreira.

The Susceptible Now”, Tyshawn Sorey Trio. O baterista e compositor tem produzido nos anos mais recentes muita música empolgante e este novo lançamento não destoa, bem pelo contrário. Sorey, que regressa com os contributos do pianista Aaron Diehl e do contrabaixista Harish Raghavan, percorre quatro temas durante cerca de 80 minutos, sem interrupções, desconstruindo-os e reinventando-os, num processo que evolui entre momentos enérgicos e passagens introspectivas. A matéria-prima integra composições de McCoy Tyner, Brad Mehldau, Charles Mingus e Joni Mitchell, além de uma canção dos Vividry.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: jcsilva@expresso.impresa.pt

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