Perante o país obcecado por serviços mínimos, o Expresso Diário de hoje propõe-se maximizar as notícias. Vamos ler sobre coisas grandes, como os ordenados dos banqueiros, os sonhos partidários de um alentejano, um bate-boca Argentina-Brasil ou a análise de um especialista em sindicatos que conseguiu meter gasóleo sem problemas…
Primeiro exemplo: Diogo Cavaleiro escreve que depois de três anos a subir, para repor os cortes feitos no tempo da troika, a administração do Banco de Portugal assistiu à estabilização dos seus vencimentos. O governador Carlos Costa recebeu, no ano passado, 16,9 mil euros por mês. Mas, na estatal Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo recebeu mais de 500 mil euros anuais (brutos e variáveis), ou seja, o CEO do banco público recebe mais do dobro do governador do Banco de Portugal.
Outro género de maximização procura o ex-presidente do Sporting José Roquette. Segundo Miguel Carrapatoso e Vítor Matos, o proprietário da Herdade do Esporão, no Alentejo, pensa formar um partido com um programa específico para defender as zonas deprimidas do interior. José Ribeiro e Castro foi sondado mas rejeitou. Os jornalistas lembram que, no ano passado, o Movimento pelo Interior, que juntava personalidades como Miguel Cadilhe e Jorge Coelho, entregou ao Governo um relatório com propostas numa cerimónia assinalada com pompa no Museu dos Coches. Esse movimento foi entretanto extinto.
Maximização da cobertura dos media? A palavra a Elísio Estanque, sociólogo especialista no mundo laboral e dos sindicatos, entrevistado por Hugo Franco.
Se os media não estivessem a passar a greve em direto, o impacto do protesto teria sido menor? “Sim. Houve visibilidade em excesso, desproporcionada em relação àquilo que foram as atrapalhações do processo. Quanto mais aparato mais aquilo parecia animar-se. As partes sentem-se implicadas perante públicos mais vastos, porque dão a cara na televisão, e depois torna-se mais complicado mudar de posição ou recuar.”
Esta greve pode marcar um antes e um depois na luta sindical? “Pode ser marcante, dado o impacto gerado. Mas é curioso: ouve-se a rádio ou a televisão, leem-se as notícias, e há uma sucessão de situações aparatosas, mas depois vou para a rua e ponho gasóleo sem problemas. Estava tudo pacífico, pelo menos na região Centro. E sobretudo há aqui uma situação que não aconteceu... Se a isto se juntasse uma série de incêndios em escalada num único dia e isto impedisse o socorro necessário, esta greve ficaria conhecida por razões muito mais preocupantes. Acho que no fundo há quem queira que o caos de abril aconteça outra vez. O sindicato fez um apelo à desobediência geral mas depressa sacudiu a água do capote.
Fechamos com o que o Presidente brasileiro e o futuro Presidente argentino têm a dizer um ao outro: “A Argentina começa a trilhar o rumo da Venezuela, porque nas primárias bandidos de esquerda começaram a voltar ao poder”, acusou Bolsonaro. Eis a resposta de Alberto Fernández, que alcançou 47% dos votos nas primárias argentinas: “É de celebrar que ele fale mal de mim. Um racista, um misógino, um violento. Um gajo que celebra a tortura de Dilma Rousseff. O que eu pediria ao Presidente Bolsonaro é que deixe Lula [da Silva] livre e que enfrente eleições com o Lula em liberdade.”
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