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Um dia desconstruído

Um dia desconstruído

Rui Tentúgal

Jornalista

Experimentemos pôr no tradutor automático do Google o slogan de Ekrem Imamoglu: “her sey cok guzel olacak”. O resultado é “tudo ficará lindo”. Mais competente do que o algoritmo, José Pedro Tavares, correspondente do Expresso em Ancara, prefere “tudo vai ficar bem”.

A citação surge no texto em que o jornalista traça o perfil da nova estrela da política turca, Ekrem Imamoglu, que esta quinta-feira foi empossado presidente da Câmara de Istambul. Imamoglu conseguiu derrotar duas vezes o aparentemente invencível e todo-poderoso Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e o seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP).

‘Tudo ficará lindo’, pensam os finlandeses que se preparam-se para assumir o comando da União Europeia em plena negociação dos cargos de topo, conta Susana Frexes, nossa correspondente em Bruxelas. A Finlândia está de olho na liderança do Banco Central Europeu e tem até dois candidatos ao lugar de Mario Draghi. "A tradição diz que para negociações, fechamos a porta da sauna e não saímos até chegarmos a uma solução", diz Tytti Tuppurainen, ministra dos Assuntos Europeus.

‘Tudo vai ficar bem’ disseram os Aliados há 100 anos em Versalhes pensando que tinham agrilhoado de vez a Alemanha. Rui Cardoso lembra que a 11 de novembro de 1918 era assinado o armistício na frente ocidental que punha termo à Grande Guerra. A 13 de dezembro chegava a Paris o Presidente norte-americano Woodrow Wilson para preparar uma grande conferência de paz. Esta abrirá a 18 de janeiro de 1919 mas só terminará a 28 de junho, faz agora cem anos, com a assinatura do Tratado de Versalhes.

E Bruno de Carvalho, pensará que ‘tudo ficará lindo’ ou que ‘tudo vai ficar bem’? Na semana em que se cumpriu um ano da sua destituição da presidência do Sporting, a poucos dias de ser ouvido pelo Ministério Público enquanto arguido do caso da invasão da Academia de Alcochete e a mais alguns da Assembleia Geral, que pode confirmar a sua expulsão de sócio do clube de Alvalade, Bruno de Carvalho deu uma entrevista a Hugo Franco e a Lídia Paralta Gomes que poderá ser lida na íntegra na edição em papel do Expresso este sábado. Eis um aperitivo: “Se houvesse uma imagem minha a rir-me como Varandas naquela altura em Alcochete, já estava preso em Guantánamo. Porquê em Guantánamo? Porque é onde se metem os terroristas.”

‘Lindo’, dizem os apoiantes da senadora Kamala Harris depois de esta ter sido a estrela do segundo debate para apurar o candidato democrata que defrontará o atual Presidente dos EUA nas eleições de 2020. Lindo? Lindos são os tweets de Trump que, do G20 no Japão, escreveu que enquanto ele se encontrava na cimeira “a representar bem o país”, nem “o Sonolento Joe [Biden]” nem “o Louco Bernie [Sanders]” se tinham saído bem no debate. “Um está exausto, o outro é maluco – por isso, qual é o problema?”

‘Tudo vai ficar bem’ para o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que revela em entrevista a Virgílio Azevedo que quer regressar à vida académica no final da legislatura. A conversa integral com Manuel Heitor também será publicada na edição impressa do Expresso, este sábado. Sabiam que passamos da cauda dos países europeus classificados como “Inovadores Moderados” para o primeiro lugar, à beira de passarmos para o grupo dos “Inovadores Fortes”? Lindo.

‘Tudo vai ficar bem’ rezam nove pessoas em Viana do Castelo. Após duas décadas de litígio judicial e cinco dias de bloqueio e ultimato aos últimos moradores para abandonarem seis apartamentos, o prédio Coutinho começou, esta sexta-feira de manhã, a ser demolido com os habitantes lá dentro. Isabel Paulo e André Manuel Correia viram a VianaPolis, num gesto de força e não retorno, dar ordens para que às 8h30 começasse o trabalho de partir paredes, vulgo, a “desconstrução”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: RTentugal@expresso.impresa.pt

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