O que é um email?

No Expresso Diário de hoje há oito temas principais de leitura obrigatória. Falam do fisco a fazer operações STOP a festivais de verão, de um jiadista americano preso a caminho da Síria via Lisboa (depois de saldar as dívidas do cartão de crédito), de futebol, do fim dos carros a gasóleo e gasolina em França daqui a 20 anos, das consequências graves da guerra comercial entre os EUA e a China, e do possível ‘tiro pela culatra’ do candidato presidencial argentino que tem o apoio de Bolsonaro.

Contudo, há dois temas neste Diário que nos levam a conhecer o lado mais absurdo da justiça.

O primeiro conta-nos que Miguel Costa Gomes, presidente da Câmara de Barcelos e arguido na Operação Teia, suspeito de corrupção passiva e de um crime de prevaricação, vai aguardar julgamento em prisão domiciliária, tendo sido proibido de contactar funcionários do município. Mas como quer continuar a fazer reuniões de câmara por Skype, o seu advogado interpôs ontem um pedido de aclaração da medida de coação no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, a requerer que o juiz explique “o conceito de funcionário, adjuntos, diretores e assessores” e ainda o que são contactos. “Uma videoconferência, o acesso a uma plataforma digital da Câmara ou troca de emails são contactos?”, questiona Nuno Cerejeira Namora citado por Isabel Paulo

Já que estamos no Porto e a falar de emails…

O juiz Paulo Teixeira, do Tribunal Cível do Porto, considerou que a divulgação de emails do Benfica pelo FC Porto não serviu o interesse público, condenando o clube portuense a pagar uma indemnização de dois milhões de euros. O FCP anunciou que vai recorrer.

Num trabalho de Rui Gustavo e de João Pedro Barros podemos ler que a divulgação do email em que Nuno Cabral, à data delegado da Liga, assina como “técnico de arbitragem do Benfica”, tem “algum interesse público”, mas o fim da sua divulgação “não foi informar”, mas sim “afetar um concorrente”, considera o juiz.

Outro exemplo do que Paulo Teixeira considera ser uma omissão “dolosa, cirúrgica e inteligente” pelo divulgador: “Os grandes sábios dos painéis sabem que algo está a mudar, o Porto já não manda mas ainda não compreendem onde está o poder. Hoje quem nos prejudicar sabe que é punido e este espaço foi conquistado com muito trabalho pelo 1º ministro”, que se depreende ser Luís Filipe Vieira. Este email foi trocado entre Pedro Guerra e Adão Mendes e a versão divulgada no Porto Canal omitia a frase intercalar: “O poder está no trabalho do dia a dia, na busca da verdade e da seriedade e isso faz toda a diferença.”

Paulo Teixeira considera mesmo que “a mais grave” imputação ao Benfica foi feita pelo Expresso, a partir de um destes emails — de Luís Filipe Vieira para Paulo Gonçalves, criticando a atuação de um árbitro “temos de dar-lhe cabo da nota” — na notícia sobre a descida da nota de um árbitro. “O jornalismo bem feito é sempre mais esclarecedor, e por isso quem está interessado em informar o público deveria deixar essa tarefa para os profissionais.”

A veracidade dos emails é dada como provada e estes continuam a ser investigados pela Unidade Anti-Corrupção da Polícia Judiciária.