No meu quintal ainda não há laranjas. Ou melhor: há, mas estão verdes. Mas no meu quintal posso regar as velhas laranjeiras quando quiser, acender a luz à noite quando me aprouver, ligar o cortador de relva sempre que me apetecer. Só que o meu quintal não é só meu, é parte de um todo: vivemos em rede, interligados, a cada instante. De quando em vez, os nativos das terras do Meu Quintal de Baixo protestam contra uma nova linha de alta tensão e as gentes do Meu Quintal de Cima indignam-se com uma nova central fotovoltaica. Não se sobressaltam com reatores nucleares, porque não os há por estas bandas. No meu quintal o umbigo é rei e o futuro não importa enquanto o último não apagar a luz.
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