Conversas ao ouvido

Alexandr Wang, o miúdo prodígio que se tornou um símbolo da nova elite tecnológica

Sabe quem é Alexandr Wang? Eu ouvi falar nele recentemente, quando vi a notícia de que Mark Zuckerberg o tinha contratado para liderar um novo laboratório da Meta dedicado ao desenvolvimento de superinteligência artificial (AGI).

Segundo o Financial Times, Zuckerberg terá mesmo afirmado que Wang é o “CEO de guerra” que a Meta precisa para fazer frente aos concorrentes e posicionar a empresa dona do Facebook, Instagram e WhatsApp na vanguarda da inovação tecnológica.

Alexandr Wang, CEO da Scale AI, à chegada ao Palácio do Eliseu para uma reunião com investidores internacionais em inteligência artificial, no âmbito da Cimeira de Ação para a Inteligência Artificial, em Paris, França, em 10 de fevereiro de 2025.
Gonzalo Fuentes

Nascido em Los Alamos, filho de físicos chineses, Wang é considerado um prodígio em matemática e abandonou o MIT aos 19 para fundar a sua empresa, a Scale AI, uma das startups mais promissoras nesta área.

Os pais estiveram envolvidos em projetos de defesa da Força Aérea norte-americana e esse ambiente técnico terá influenciado profundamente a formação de Alexandr.

Mas há mais: as suas competências hoje não passam tanto pela programação, mas sim pelos contactos que tem em todo o Silicon Valley, com relações de grande confiança com craques em software, hardware e inteligência artificial.

Acresce a isso uma agenda cheia de eventos sociais, com encontros com líderes mundiais, primeiros-ministros, estrelas do entretenimento e até corridas de Fórmula 1.

Bate certo: uma parte da corrida à inovação depende do poder de influência e da caça de talentos - é isto mesmo que o dono do Facebook espera de Wang, que marque posição e reúna uma equipa cheia de talento.

Alexandr Wang, fundador e CEO da Scale AI, em Sun Valley, Idaho, EUA, a participar numa conferência anual de Media e Tecnologia, em 9 de julho de 2024.
Brendan McDermid

De resto, em 2021, Wang já tinha dado nas vistas ao tornar-se o mais jovem bilionário ‘selfmade’ (ou seja, à custa do seu próprio esforço) do mundo e, com esta entrada na Meta, passa a simbolizar definitivamente uma nova geração de líderes tecnológicos: ambiciosos, visionários, competitivos e muito (muito!) influentes.

“Wang quer gerar o máximo dinheiro possível e ter o nome dele em tudo”, dizem fontes do FT.

E ainda só tem 28 anos.

28.

Entre os que mandam na elite tecnológica e os que sonham com um lugar à mesa, há uma multidão que ainda não tem “perninhas” para lá chegar, mas que já aprendeu a fazer pose.

À medida que a febre da IA se espalha, começam a surgir casos de "marketing criativo". Empresas de todos os tamanhos, ansiosas por parecerem inovadoras, começaram a ‘pintar’ os seus produtos com uma camada de inteligência artificial que de tecnológico, muitas vezes, tem pouco.

Isto já tem um nome e vou pedir à Woolf que nos esclareça sobre o termo.

JB: Woolf, podes explicar de forma breve o que é AI washing, por que razão acontece e dar um exemplo prático?

Claro! Aqui vai uma explicação breve e direta:

✅ O que é AI washing?
AI washing é quando uma empresa afirma que usa inteligência artificial (IA) nos seus produtos ou serviços, mas essa afirmação é exagerada ou falsa. É uma estratégia de marketing para parecer mais inovadora do que realmente é.

🤔 Por que acontece?
Porque o termo “IA” atrai atenção, investidores e clientes. Muitas empresas usam essa etiqueta para ganhar credibilidade ou parecer tecnológicas, mesmo que o uso de IA seja mínimo ou inexistente.

📌 Exemplo prático
A Amazon dizia que o sistema “Just Walk Out” usava IA para permitir que clientes saíssem da loja sem passar por caixas. Mas descobriu-se que mais de 1.000 pessoas na Índia estavam a rever manualmente as compras — ou seja, o sistema dependia muito mais de trabalho humano do que de IA real.

Se quiseres, posso ajudar a identificar sinais de AI washing em projetos ou comunicações. Queres explorar isso?

JB: Não tenho tempo para explorar mais por agora, mas fico a pensar neste fenómeno, porque levanta questões sérias sobre transparência, ética e o verdadeiro significado de inovação.

Uma coisa é integrar inteligência artificial de forma responsável e transformadora. Outra, bem diferente, é usá-la como maquilhagem. Pode disfarçar durante umas horas, mas acaba por se desfazer…

A newsletter "Conversas ao Ouvido" faz uma breve pausa e regressa no início de setembro.

Até lá, espero que ouça muitos podcasts — seja na praia com os pés na areia, no campo rodeado de silêncio ou até mesmo no escritório a contar os dias para as merecidas férias.

Boas escutas e até breve!

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: jbeleza@expresso.impresa.pt

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