Em 2025, quando pensamos genericamente em crianças ainda nos vem à cabeça a imagem de uma miúda sueca, de tranças, a liderar uma greve escolar em defesa do ambiente.
Essa adolescente tornou-se uma jovem mulher e, hoje, aos 22 anos, mantém-se como símbolo poderoso para as novas gerações, não apenas pelo clima, mas como uma ativista global.
‘Greta Thunberg’ é mesmo um dos termos mais pesquisados desta semana no Google, porque a esta hora vai em direção a Gaza, numa missão humanitária, a bordo de um navio com outros ativistas internacionais.
A sua voz tem-se estendido a causas de justiça social, direitos humanos e solidariedade internacional e (provavelmente) o que mais inspira os jovens é a coerência entre o que diz e o que faz, mantendo-se fiel aos seus princípios, mesmo quando os holofotes se apagam.
O movimento Fridays for Future, que ela ajudou a fundar, continua ativo em dezenas de países e Greta é hoje um símbolo da resistência juvenil.
Num tempo em que o real e o digital se fundem, tornando o mundo mais complexo e dando às notícias falsas um alcance sem precedentes, é fundamental escutar os mais jovens, compreender as suas perspetivas e orientá-los na difícil tarefa de distinguir factos de falsidades.
Nesse sentido, esta é uma semana muito especial na vida dos podcasts do Grupo Impresa: o Expresso e a SIC abriram os microfones às crianças e jovens, convidando-as a participar em alguns dos seus podcasts mais conhecidos.
Esta participação dos mais novos não é apenas simbólica - é um sinal de inclusão e de escuta ativa. Ao integrar jovens em conteúdos jornalísticos, o Grupo Impresa está a praticar aquilo que defende: uma comunicação mais inclusiva e mais formativa, e que tem especial ênfase nos seus projetos de literacia mediática dirigida aos mais novos: o Expressinhoe o SIC Explica-me.
JB: Woolf, explica-me num parágrafo o que é o Expressinho e o SIC Explica-me.
O Expressinho e o SIC Explica-me são dois projetos portugueses criados pelo grupo Impresa com o objetivo de promover a literacia mediática junto dos mais novos.
O Expressinho é uma versão infantil do jornal Expresso, lançado durante a pandemia, disponível em formato digital e em papel. Apresenta notícias adaptadas ao público infantil, com uma linguagem acessível e conteúdos que ajudam as crianças a compreender o mundo que as rodeia.
Já o SIC Explica-me é um projeto mais recente, lançado em formato de site, que também se dedica a explicar temas da atualidade às crianças, de forma clara e pedagógica. Ambos os projetos procuram combater a desinformação e desenvolver o pensamento crítico desde cedo, incentivando os mais novos a questionar, refletir e formar opiniões informadas.
JB: Muito bem. E à boleia do Dia Mundial da Criança, damos espaço e voz aos mais novos nos Podcasts do Expresso e da SIC, porque é mesmo importante escutá-los.
Termino esta newsletter a pensar nas crianças na Faixa de Gaza, uma área onde a crise humanitária tem vindo a tornar-se cada vez mais aguda e onde não entram jornalistas estrangeiros desde outubro de 2023.
Isto é relevante na medida em que sem jornalistas no terreno, torna-se extremamente difícil verificar de forma independente o que está a acontecer e a informação que nos chega depende do acesso limitado de organizações humanitárias e de fontes com interesses políticos estratégicos.
Sem cobertura jornalística, é muito mais difícil investigar crimes de guerra, recolher provas para apresentar em tribunais internacionais e exigir responsabilidades políticas.
JB: Woolf, o que sabes sobre a atual situação das crianças em Gaza?
A situação das crianças em Gaza em 2025 é descrita por organizações internacionais como uma das mais graves crises humanitárias da atualidade.
Segundo o UNICEF, desde o reinício dos combates em março, mais de 1.300 crianças foram mortas e mais de 3.700 ficaram feridas. No total, desde outubro de 2023, estima-se que mais de 50.000 crianças tenham sido mortas ou feridas. Muitas destas mortes ocorreram em ataques a zonas que deveriam ser seguras, como escolas e hospitais.
Além da violência direta, as crianças enfrentam fome extrema, frio, falta de abrigo e cuidados médicos. Só nos primeiros dias de 2025, 74 crianças morreram em ataques noturnos, e oito bebés morreram de hipotermia devido à falta de proteção contra o frio. Em maio, 29 crianças morreram de fome em poucos dias, segundo autoridades locais.
O UNICEF alerta que a situação está “fora de controlo” e apela a um cessar-fogo imediato, à entrada urgente de ajuda humanitária e à proteção das crianças, que estão a viver “horrores inimagináveis”.
Se quiseres, posso ajudar a transformar esta informação num texto para sensibilização, num artigo de opinião ou num recurso educativo. Como gostarias de usar esta informação?
JB: Não preciso de mais ajuda.
É de lamentar que em 2025 o mundo dos adultos esteja tão distante das metas definidas pela Convenção dos Direitos das Crianças, adotada pelas Nações Unidas em 1989.
Todas as crianças deviam ter o direito à vida, à sobrevivência e ao desenvolvimento, com a possibilidade de crescer num ambiente seguro.
Deviam ter também o direito à educação, para crescerem com conhecimento e prepararem o seu futuro.
Entre os direitos mais fundamentais está o direito à proteção contra a violência, a exploração e o abuso, assegurando que cada criança possa viver com dignidade e segurança, com saúde e bem-estar através do acesso a cuidados médicos, alimentação adequada e condições de vida saudáveis.
Por fim, no melhor dos mundos, todas as crianças deviam ter o direito à participação e à expressão da sua opinião, sendo ouvidas e respeitadas nas decisões que afetam as suas vidas.
Sem paz, nada disto é possível.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: jbeleza@expresso.impresa.pt