O título pisca o olho a uma certa obra literária do século XIX e talvez se possa dizer que, em comum com Almeida Garrett, Brázio tem a disponibilidade para se fazer ao caminho. “Situar as fotografias demasiado acaba por retirar a magia que elas têm, um encantamento qualquer. Quando nós as vemos aqui, assim, todas juntas, sem legendas, nós só intuímos. E isso é que é interessante. O título desta exposição é ‘Viagens na Minha Terra’, mas não interessa saber qual é a terra, embora possa dizer que passei por Ponte de Sor, Águeda e Covilhã, e que estas fotografias foram retiradas de três livros que fazem parte de um projeto que ainda não acabou, mais dedicado ao interior do que ao litoral português." Augusto Brázio começa sempre por fazer uma pesquisa sobre a localidade, depois pega no carro e vai para lá. "Passo três, quatro semanas, às vezes só uns dias, em contacto com a população, totalmente disponível para o que encontrar”, explica.
O que as suas fotografias nos devolvem dessas viagens é um olhar muito próprio de um país que é nosso, mas que é muito de Augusto Brázio - belo e misterioso, a despertar uma certa estranheza, como que atravessado por uma inquietação e uma solidão que convocam muitos fantasmas. Neste território adivinhamos o paradoxo de ser português. Sobretudo o de pertencer ao Interior do país. Não por acaso Augusto Brázio viveu até aos 20 anos no Alentejo e a sua primeira infância, até aos 8, foi mesmo passada no campo.
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