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“Não é coragem, minha senhora, é estupidez”: a greve de fome em frente ao Parlamento (e o Tigerman foi lá tocar para eles)

O músico Legendary Tigerman apareceu junto ao Parlamento em solidariedade com os manifestantes
O músico Legendary Tigerman apareceu junto ao Parlamento em solidariedade com os manifestantes

As forças já não permitem que se levantem sem apoio. Está frio e chove. Quando a greve de fome começou ninguém esperava que durasse tanto tempo. Já lá vão quatro dias desde que dez elementos do “Movimento Sobreviver a Pão e Água” montaram as tendas em frente à Assembleia da República, em Lisboa, e pedem respostas. “Acho que quanto mais tempo passa mais as pessoas estão dispostas a dar a vida”, diz João Gouveia, um dos representantes. Queixam-se das medidas do Governo para lidar com a pandemia que estão a afetar diretamente o sector da restauração - e sentem-se desrespeitados pela Presidência da República, além do próprio Governo. Ainda assim tiveram surpresas boas esta segunda-feira: o Legendary Tigerman, o Rei da Cachupa e a senhora Ana Marina de uma casa de fados foram lá cantar para eles

“Não é coragem, minha senhora, é estupidez”: a greve de fome em frente ao Parlamento (e o Tigerman foi lá tocar para eles)

Marta Gonçalves

Coordenadora de Multimédia

I say life ain't enough for you
You say baby what you gonna do
Yeah what you gonna do

“Sim, o que vais fazer?” A resposta deles: greve de fome. Já tinha caído mais uma carga de água, as luzes do Parlamento acendem porque não tarda é noite. “Está ali o Legendary Tigerman”, ouve-se dizer. “Está ali à entrada, traz a guitarra e diz que vem tocar para nós”, continua a mesma voz no meio das 30 ou 40 pessoas que estão dentro das tendas erguidas desde sexta-feira em frente à Assembleia da República. “Tem sido assim todos os dias. Ontem foram uns guitarristas e uma fadista, depois um saxofonista”, conta José Gouveia, 46 anos e um dos representantes do Movimento a Pão e Água que estão em greve de fome.

A canção “life ain't enough for you” foi um pedido especial: enquanto Tigerman se prepara para a última canção o chef Ljubomir Stanisic, um dos principais rostos do movimento, interrompe para pedir aquela música. Tem de repetir o pedido porque a voz está fragilizada e já não se consegue fazer ouvir com a força que lhe é característica. Está sentado, junto a uma espécie de aquecedor que parece uma fogueira em chamas com os outros oito homens e uma mulher que há quatro dias nada comem. E Tigerman toca.

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