Lusa

Síria: 400 mil refugiados regressaram a casa desde queda de al-Assad

Refugiados sírios em Idlib
Refugiados sírios em Idlib
YAHYA NEMAH/EPA

Cerca de 400 mil sírios regressaram ao país nos últimos quatro meses, desde a queda do regime de Bashar al-Assad, indicou a ONU esta sexta-feira, alertando que os anunciados cortes de financiamento internacional terão impacto na vida destas pessoas

Nos últimos quatro meses, desde a queda do regime de Bashar al-Assad, cerca de 400 mil sírios regressaram ao país, indicou esta sexta-feira a ONU, alertando que os anunciados cortes de financiamento internacional terão impacto na vida destas pessoas.

"O risco é que, sem financiamento adequado, os 1,5 milhões de retornos projetados para este ano podem não acontecer, e aqueles que regressarem podem não ter outra escolha senão sair novamente", afirmou a porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), Céline Schmitt, em conferência de imprensa em Genebra, Suíça.

De acordo com a mesma fonte, desde 8 de dezembro passado, quando o regime do antigo presidente Bashar al-Assad caiu, mais de um milhão de deslocados internos na Síria também regressaram aos respetivos locais de origem, elevando o número total de sírios que regressaram a casa para mais de 1,4 milhões.

O ACNUR espera que, com o final do ano letivo, o verão se torne uma época de regressos a casa, o que considera "uma janela de oportunidade a não perder".

No entanto, avisa, "os sírios necessitarão de apoio, como abrigos, meios de subsistência, proteção e assistência jurídica".

Mas "os severos cortes de financiamento que o ACNUR está a enfrentar estão a colocar milhões de vidas em risco", referiu a porta-voz, adiantando que quase 16,7 milhões de pessoas na Síria -- cerca de 90% da população -- necessitam de alguma forma de ajuda humanitária, sendo que "mais de 7,4 milhões dos sírios ainda estão deslocados internamente".

Dos 575 milhões de dólares (cerca de 506 milhões de euros) solicitados para este ano, o ACNUR recebeu apenas 71 milhões de dólares (cerca de 64 milhões de euros), o que já se reflete num corte de 30% na equipa na Síria e no encerramento, antes do verão, de quase metade dos 122 centros locais apoiados pela organização.

"Agradecemos o apoio que os doadores tradicionais têm dado às nossas operações na Síria durante tantos anos. Agora, pedimos-lhes um esforço extra, apesar dos desafios económicos globais", sublinhou Céline Schmitt, pedindo para "não se desperdiçar esta oportunidade histórica" de ajudar na recuperação de um país 14 anos após o início da guerra.

A Síria vive um novo ciclo após quase 14 anos de guerra civil, na sequência de uma operação militar relâmpago que depôs em 8 de dezembro de 2024 o regime de Bashar al-Assad, atualmente exilado na Rússia.  

A ofensiva foi realizada por uma coligação de grupos armados rebeldes, liderada pela Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS), da qual faz parte o presidente interino sírio, Ahmad al-Charaa.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate