Lusa

Partido Trabalhista da Nigéria vai recorrer aos tribunais por irregularidades nas eleições gerais

Partido Trabalhista da Nigéria vai recorrer aos tribunais por irregularidades nas eleições gerais
AFOLABI SOTUNDE/REUTERS

O Partido Trabalhista da Nigéria, um dos principais partidos da oposição, vai recorrer nos tribunais a propósito do resultado das eleições gerais de sábado, alegando “numerosas irregularidades”

A secretária nacional do partido, Alhaji Umar Faruk Ibrahim, citada pela agência de notícias Europa Press, disse que o partido tinha um forte apoio na maior parte da região norte do país, mas os eleitores foram impedidos de participar, "violentamente perseguidos" e expulsos das mesas de voto.

Noutros casos, os boletins de voto ou urnas foram destruídos, de acordo com uma declaração relatada pelo diário nigeriano "Vanguard", acrescentou.

Estes atos ocorreram em estados como Lagos, Rivers, Bayelsa, Kano, Yobe e Edo. Em alguns locais, o pessoal da Comissão Eleitoral Nacional Independente (INEC) não chegou às assembleias de voto ou o material de votação estava desaparecido ou atrasado "para frustrar os apoiantes do partido" que estavam "psicologicamente exaustos da espera" e foram embora.

O Partido Trabalhista informou que os seus eleitores foram deliberadamente vetados por vários meios em todo o país, mas particularmente em regiões onde esperavam ter um apoio significativo.

Os eleitores que deveriam apoiar os trabalhistas também foram afastados das mesas de voto, com o argumento de que não era naquele local onde deveriam votar.

Umar disse que o partido "teria ganhado mais do dobro do número de votos" sem todas estas irregularidades. Em qualquer caso, apelou à calma entre os apoiantes do partido e à mobilização.

O presidente do Partido Trabalhista, Julius Abure, já tinha apresentado uma petição para anular as eleições nas regiões Obio/Akpor, Khana, Eleme, Obigbo e Rumukoro.

Abure expressou o seu "choque" com relatos de ataques de "bandidos" a várias mesas de voto das quais foram retirados materiais eleitorais, incluindo folhas de resultados, de acordo com a agência noticiosa nigeriana NAN.

Em resposta, um porta-voz do Presidente nigeriano Muhamadu Buhari, Bashir Ahmad, ridicularizou o apelo dos Trabalhistas.

"Partido Trabalhista apela ao cancelamento das eleições presidenciais - hilariante!", escreveu na sua conta da rede social Tweet, numa mensagem acompanhada por quatro caras sorridentes.

Mais tarde, o próprio partido do Governo, o Congresso de Todos os Progressistas, denunciou "os comentários incendiários" de representantes do Partido Trabalhista e do Partido Popular Democrático (PDP).

"Estamos impressionados com certos comentários inflamados de porta-vozes dos partidos da oposição, particularmente o PDP e o PT, sobre os resultados das eleições realizadas ontem [sábado], que ainda não foram anunciados", disse o porta-voz da CTP, Festus Keyamo, em declarações relatadas pelo diário "Vanguard".

"Alguns ameaçaram com fogo e enxofre se a sua própria versão das eleições não for anunciada. Eles querem ser juiz, júri e carrasco nestas eleições", acrescentou.

Advertiu, por outro lado, que esses partidos querem colocar os seus apoiantes "contra o país".

A Comissão Nacional de Eleições do país publicou até agora os resultados de 33.839 mesas de voto, de um total de 176.846 criadas em todo o país, ou seja, apenas 19%.

A organização não-governamental Yiaga África, que está como observadora, apontou que este atraso na publicação dos resultados afeta a confiança no processo de transmissão dos resultados.

"Por enquanto, a eleição presidencial de 2023 é outra oportunidade perdida", acrescentou, citada pela agência noticiosa Bloomberg.

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