Burnout é um termo muito utilizado, mas os especialistas explicam que é preciso distingui-lo do cansaço e stress comuns: "é de longa duração, não é uma coisa de 6 meses, é de mais tempo, é um problema de acumulação", explica Maria Antónia Frasquilho psiquiatra especialista na área.
Para Maria Luísa Bento, cardiologista é preciso diferenciar entre o stress pontual, "que nos permite lidar com situações que não estamos habituados", mas "quando o stress passa de uma situação pontual, para uma situação crónica, ou seja, um excesso de trabalho diário, aí já a parte positiva desaparece".
Os trabalhadores devem, por isso, estar atentos aos sinais que se podem manifestar, mesmo quando existe entusiasmo e motivação para o trabalho. No entanto, no caso do burnout, estas são sensações passageiras que se acabam por extinguir e dar lugar a dúvidas e obsessão pelo trabalho - "deixam de dormir as horas que necessitam, deixam de se dar com amigos, não têm paciência para a família... chegam a casa e dão um pontapé no cão porque já estão irritados com o trabalho (...) portanto o trabalho passa a ocupar 98% da vida das pessoas", explica a psiquiatra. Numa fase seguinte, há uma passagem para o extremo oposto, ou seja, um desligamento das funções, dos colegas e da entidade empregadora, que pode levar a "cortes", como a demissão, a baixa ou a mudança de emprego.
Além dos impactos psicológicos e emocionais, o burnout pode ter um enorme peso na saúde física, estando diretamente relacionada com as doenças cardiovasculares, a principal causa de morte em Portugal. "Em cardiologia muito se fala do stress, porque é um fator de risco para todas as doenças" explica Maria Antónia Frasquilho, Maria Luísa Bento exemplifica de forma extrema com a "miocardiopatia de stress, aquelas pessoas que de repente têm uma dor toráxica, têm um enfarte, mas depois têm coronárias normais". Apesar da alta taxa de mortalidade, em Portugal, as doenças cardiovasculares são em 44% preveníveis com mudança de comportamentos, para os profissionais a responsabilidade está de ambos os lados: tanto das empresas, em cumprir a legislação e respeitar os colaboradores, que do seu lado, devem impor limites, procurar ajuda e "saber dizer não".
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