Os exemplos (inspiradores) de quem sobrevive a um AVC

O AVC é a primeira causa de morte em Portugal. Muitas vezes deixa marcas severas. Mas na Guarda há um grupo empenhado em mostrar o exemplo inspirador de quem não desiste da vida
O AVC é a primeira causa de morte em Portugal. Muitas vezes deixa marcas severas. Mas na Guarda há um grupo empenhado em mostrar o exemplo inspirador de quem não desiste da vida
Ainda existe a ideia de quem sobrevive a um acidente vascular cerebral (AVC) também morre para a vida que tinha. O Grupo de Ajuda Mútua da Guarda mostra que não tem de ser assim.
Quem acompanha Inocêncio Marques, de 80 anos, a tratar dos animais numa quinta, não imagina que já sofreu dois AVC's, o primeiro em 2019.
Ainda hoje lhe custa falar sobre o tema, especialmente daquele que o atirou ao hospital durante quase três meses.
No ano passado, voltou a ser afetado pela doença, numa versão mais leve e com tratamentos ao domicílio. Vale a Unidade de AVC's do Hospital da Guarda que reflete a sobrevivência da patologia que mais mata em Portugal.
O médico João Correia explica que “a taxa de sobrevivência depende muito da idade e do baseline desses doentes” e que, quanto mais cedo chegar ao hospital, melhor para o paciente.
Foi o caso de Inocêncio Marques, que já foi construtor civil, um homem a quem a idade e o AVC não retirou qualidade. Apenas mandou abrandar.
"Tenho outro grupo de vacas. Dou as ordens que eu posso dar ao empregado e é assim que eu faço a minha vida", relata o homem de 80 anos, na sua quinta.
Hemorrágicos ou isquémicos, os AVC's manifestam-se quase sempre da mesma maneira: através de “alteração da fala, da força de um dos lados do corpo, tonturas, desequilíbrios, incapacidade de se colocar de pé”, enumera o médico.
O Grupo de Ajuda Mútua, fundado há 5 anos na Guarda, reúne mensalmente pessoas que sobreviveram a um AVC. Partilham-se experiências e o desânimo perde as asas. Cada testemunho é uma inspiração.
“O apoio familiar e o carinho é muito importante na nossa caminhada, a além da parte da medicina, dos médicos, terapeutas e enfermeiros”, diz Rosa Pereira, fundadora da associação.
Rosa Pereira diz que “um AVC não pode parar um sobrevivente”.
“A vida continua, com sequelas, mas vamos para a frente. É isso o que eu quero deixar a todos os sobreviventes”.
As reuniões do grupo de ajuda mútua acontecem de setembro a junho no Hospital da Guarda.
LONGEVIDADE
É o ano dois do projeto que o Expresso lançou em 2022, com o apoio da Fidelidade e da Novartis. Durante este ano vamos olhar para os desafios da longevidade que se colocam às pessoas, às comunidades, às empresas e ao Estado. Agora que vamos viver mais anos, a meta é chegarmos novos a velhos.
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