10 outubro 2019 23:41
rafael marchante/lusa
Com apenas um partido disponível para um acordo de legislatura, o PS optou por tratar todos por igual. Não haverá papel passado com o BE. A regra é negociar caso a caso com todos os partidos à esquerda, a começar já no programa de governo e no Orçamento
10 outubro 2019 23:41
“Resultou dos contactos que, à semelhança da legislatura agora finda, será prosseguida uma metodologia idêntica de apreciação prévia das propostas de Orçamentos do Estado e de outras relevantes para a estabilidade governativa” - com esta frase, incluída num comunicado divulgado após a reunião da Comissão Política do PS, esta noite, os socialistas deixam claro que não haverá acordo escrito com o BE tendo em vista a colaboração ao longo desta legislatura.
Apesar de António Costa ter dito várias vezes que podia assinar acordo com uns partidos e não assinar com outros, a decisão acabou por ser no sentido de tratar todos por igual. Uma vez que só o BE estava disponível para um documento mais estruturado com o “horizonte de legislatura”, os socialistas optaram por não dar um estatuto diferente ao partido liderado por Catarina Martins.
“Entendemos que não havia vantagem em privilegiar um só partido, se houvesse o risco de, com isso, alienar a boa vontade e predisposição para entendimentos manifestados por todos os outros, em particular o PCP”, justificou ao Expresso um alto responsável socialista.
Com esta decisão, as novas reuniões que os socialistas tinham apalavradas para a semana que vem com o BE deixam de ser sobre a hipótese de uma posição conjunta para a legislatura. Mantêm-se marcadas (bem como com o PAN), mas serão para negociar questões que o PS poderá incluir no programa de governo. Depois, haverá os encontros com os vários partidos da esquerda para a apreciação prévia conjunta do Orçamento do Estado.
Desta forma, todos os eventuais parceiros do PS na próxima legislatura terão com o partido do Governo o mesmo relacionamento que ficou acordado com o PCP, com o compromisso de consultas prévias em relação a documentos fundamentais, como os Orçamentos do Estado e eventuais moções de censura.
Dos contactos mantidos ao longo de quarta-feira com BE, PCP, PEV, PAN e Livre, “resulta claro”, segundo o comunicado da Comissão Política, “que o PS tem condições para formar Governo, tendo todos os partidos manifestado vontade de trabalhar em conjunto para que haja mais quatro anos de estabilidade política, estabilidade que é essencial para o desenvolvimento do país, para a confiança que gera crescimento e para a nossa credibilidade externa.”
(Artigo alterado às 00h55, com nova informação sobre as reuniões da próxima semana do PS com o BE e o PAN)