Legislativas 2019

BE e PS precisam de mais tempo para negociar eventual acordo

9 outubro 2019 20:27

Filipe Santos Costa

Filipe Santos Costa

Jornalista da secção Política

tiago miranda

Líder socialista anunciou que os dois partidos convergiram na “vontade mútua” de prosseguir a colaboração dos últimos quatro anos, mas não chegaram a um entendimento sobre “o modo concreto” dessa colaboração

9 outubro 2019 20:27

Filipe Santos Costa

Filipe Santos Costa

Jornalista da secção Política

O PS e o BE decidiram esta quarta-feira constituir grupos de trabalho “técnico” para estudar as hipóteses de os dois partidos chegarem a um acordo de legislatura ou, em alternativa, limitarem a colaboração nos próximos quatro anos a entendimentos pontuais.

Após uma reunião que António Costa classificou como "muito produtiva" e Catarina Martins considerou "muito franca", o líder socialista anunciou que os dois partidos convergiram na "vontade mútua" de prosseguir a colaboração dos últimos quatro anos, mas não chegaram a um entendimento sobre "o modo concreto" dessa colaboração. "Vamos continuar a avaliar", disse Costa, prometendo para a "próxima semana" reuniões bilaterais "para ver quais as condições de convergência que permitam ver qual o grau compromisso" a que os dois partidos poderão chegar.

O líder socialista voltou a afirmar que é "agnóstico" em relação à forma concreta como esse entendimento possa desenvolver-se, seja com acordo escrito para toda a legislatura, seja apenas a vontade de consultas mútuas. E assegurou, mesmo, que "ambas as partes acham que isso não é o essencial". "O essencial é que ficou claro que no horizonte de legislatura há a vontade comum de dar continuidade" à colaboração dos últimos quatro anos, assegurou.

Catarina Martins pareceu bastante mais focada do que o primeiro-ministro na questão de um acordo escrito, desde já, para se refletir no programa de governo com vista a toda a legislatura. Ficou claro, das palavras da bloquista, que foi essa a proposta apresentada pelo BE, e que foi o PS que quis tempo para pensar.

O BE fez "uma proposta de caminho para um entendimento que possa ser plasmado no programa de governo", "para a legislatura", disse Catarina Martins aos jornalistas. Agora, "o PS analisará a proposta que o BE fez". Se os socialistas não quiserem este acordo mais firme a longo prazo, a coordenadora do BE reiterou a disponibilidade para negociações pontuais, tanto de legislação avulsa como de "Orçamentos do Estado ano a ano".

"O processo negocial continuará nos próximos dias", confirmou Catarina Martins, acrescentando que "tudo vai depender da convergência que consigamos alcançar em relação às propostas do BE", que visam sobretudo a reposição de direitos e rendimentos afetados no tempo da troika e ainda não revertidos, o reforço dos serviços públicos, maior investimento na habitação e transportes e reforço das políticas de combate às alterações climáticas.

Em contraste com a atitude "agnóstica" de António Costa, a líder bloquista sublinhou que um acordo nos termos propostos pelo seu partido permite uma "solução mais reforçada".