Legislativas 2019

PAN. André Silva vai atender António Costa, mas sem exigências concretas

PAN. André Silva vai atender António Costa, mas sem exigências concretas
PEDRO NUNES

Líder do PAN diz que as linhas vermelhas do PAN são o seu programa eleitoral, mas está disponível para fazer pontes

PAN. André Silva vai atender António Costa, mas sem exigências concretas

Carolina Reis

Jornalista

Foi um discurso além dos animais. André Silva, que só falou depois de estarem todas as freguesias apuradas e os resultados eleitorais fechados, fez um discurso de vitória à semelhança do que disse (e tentou passar) durante toda a campanha: o PAN é mais do que um partido animalista.

O número um por Lisboa definiu o conservadorismo como inimigo do PAN e atirou farpas "a todos os que viam o partido como um epifenómeno".

"O conservadorismo perdeu a maioria que tinha no Parlamento, constituída por PSD, CDS e PCP. Perderam mandatos, agora estão reunidas as condições para fazer Portugal avançar no século XXI", disse André Silva ao inciar o discurso de vitória.

É precisamente nas matérias mais liberais, como a despenalização da morte assistida ou da cannábis para fins medicinais, que o PAN poderá convergir e iniciar diálogo com uma maioria de esquerda.

Sem se comprometer - mas quando António Costa telefonar ele atende - e fazendo a defesa dos valores liberais, o líder do partido celebrou a vitória frisando que o PAN está para ficar e para contar, no que diz respeito aos seus interesses.

O porta-voz do PAN, que deixa de ser deputado único e passa a ter um grupo parlamentar, não definiu linhas vermelhas concretas para negociar um apoio ao PS, mas voltou a repetir o que disse durante toda a campanha: o PAN está disponível para fazer pontes.

"As nossas linhas vermelhas são o nosso caderno eleitoral. Não somos partido de Governo, mas estamos disponíveis para dialogar. Se for necessário qualquer tipo de discussão, é com base no nosso programa", defendeu.

Daí que quando António Costa lhe ligar, André Silva vá atender, mas sem exigências definidas. "Quando me ligar vou-lhe agradecer por parabenizar o PAN pelo excelente resultado que teve, no entanto, se a intenção for discutir ideias para o país, o PAN está disponível para falar, seja com António Costa, Rui Rio ou Catarina Martins. O nosso objetivo é fazer avançar as nossas ideias."

Foi sempre neste tom que André Silva fez todo o discurso: o PAN veio para ficar e para defender as suas ideias. "O PS não depende do PAN porque a soma de deputados não permite essa maioria [absoluta]. O papel do PAN é fazer avançar as nossas propostas. Estamos disponíveis para fazer pontes. O PAN está disponível para fazer o que tem feito ao longo dos últimos quatro anos. O PAN nao quer fazer parte da solução governativa, o nosso objetivo eram dois deputados. Este é um resultado que nos dá mais resposnabilidades. Não vemos nenhuma solução de suporte", afirmou ainda.

Sempre usando a expressão "estes quatro deputados" - referindo-se a Bebiana Cunha, Inês de Sousa Real e Cristina Rodrigues - o porta-voz do PAN definiu as áreas importantes para o partido como o combate à corrupção, às alterações climáticas, à exploração de petróleo e da energia a carvão, à violência de género e o fim da tauromaquia. E atacou a CAP, "padroeira de todos os ministros da Agricultura.

André Silva deixou também palavras duras para o CDS e para o Chega, definindo-os como "partidos de ideias perigosas".

O maior entre os pequenos

O cenário foi muito diferente do de há quatro anos, em que os jornalistas só começaram a chegar quando se percebeu que André Silva tinha sido eleito deputado.

Esta noite, no Museu da Cidade, em Lisboa, o quartel-general do partido para acompanhar a noite eleitoral, estavam dezenas de apoiantes e todos os órgãos de comunicação social.

Quase como se de um partido de poder se tratasse. André Silva chegou, depois das 22h, foi recebido pelos jornalistas e por aplausos e pelo grito de guerra da noite: "Mais PAN no Parlamento, este é o momento!" O líder seguiu para uma sala fechada onde esteve reunido com a Comissão Política Permanente, um dos principais órgãos do partido (ver fotos exclusivas do Expresso). Só saiu para o discurso final.

O ambiente no pátio do Museu da Cidade foi de festa desde o princípio da noite, dado que todas as sondagens davam um crescimento ao PAN e uma hipótese de conseguir ter poder para influenciar novo Governo, isto é, dar a mão a António Costa.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: cbreis@expresso.impresa.pt

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