7 outubro 2019 3:09
josé fernandes
O Chega!, de André Ventura, é um dos novos partidos com representação na Assembleia da República. E o primeiro com mensagens de extrema direita
7 outubro 2019 3:09
André Ventura, fundador do Chega!, o primeiro partido com um discurso de extrema-direita a chegar ao Parlamento, repetiu na campanha que queria ir buscar votos aos “descontentes com o sistema”. Convenceu 66.442 eleitores, elegendo um deputado – o próprio André Ventura – pelo círculo de Lisboa, distrito onde obteve 22.053 votos.
Mensagens como “Andamos a sustentar quem não quer fazer nada”, “100 deputados chegam e sobram” ou “Apenas 25 anos de prisão para monstros?”, escritas nos outdoors do partido, são o espelho de algumas ideias-chave que quis passar na campanha.
A necessidade de uma justiça mais punitiva – a castração química de pedófilos ou a instauração da pena de prisão perpétua são algumas das medidas propostas -, a necessidade de repensar os subsídios atribuídos (a comunidade cigana, por exemplo, é no discurso de Ventura um dos tais grupos que recebem apoios injustificados), ou ainda o ataque à própria classe política são temas fortes no discurso do partido.
Populismo? O ex-vereador da Câmara Municipal de Loures e comentador de futebol na CMTV nega-o. Diz apenas que os partidos tradicionais “já não respondem aos problemas das pessoas”. Ele próprio foi militante do PSD e acabou por desfiliar-se para fundar o seu projeto político e um partido que se assume como “nacional, conservador, liberal e personalista”.
Nas eleições europeias, quando concorreu coligado com o PPM, o Partido Cidadania e Democracia Cristã e o Movimento Democracia 21 conseguiu 49.500 votos (1,5% de votação). Agora ultrapassa os 66 mil e no discurso de vitória, este domingo à noite, estabeleceu nova fasquia: “Garanto que dentro de oito anos seremos o maior partido de Portugal”.
Para já, conseguiu 1,3% dos votos, com uma distribuição onde se destacam os concelhos de Sintra, Lisboa e Loures – foi aqui que obteve o maior número de votos em absoluto – mas também zonas do interior do Alentejo.
Alvito e Moura, no distrito de Beja, e Monforte e Elvas, no distrito de Portalegre, foram os concelhos onde o Chega! teve a sua maior votação em termos percentuais, entre os 4,5% e os 4,8%.