Já está a trabalhar, há alguns meses, na revisão da última moção que apresentou a um congresso do CDS, no ano passado. Agora, o ex-deputado Filipe Lobo d’Ávila assume a abertura a uma possível candidatura à liderança do partido: “Tenho disponibilidade total e neste momento não excluo nenhum cenário”, confirma, em declarações ao Expresso.
Passavam poucas horas da demissão de Assunção Cristas, na sequência do pior resultado em percentagem de sempre no CDS, quando Lobo d’Ávila publicou um texto no Facebook a fazer lembrar a célebre reação de António Guterres, em 1991, à derrota do seu partido, então liderado por Jorge Sampaio (a quem viria a suceder). Desta vez, foi Lobo d’Ávila a dizer-se “em choque”, mas “consciente das responsabilidades que um resultado destes tem para todos nós”.
E quais serão essas responsabilidades? Num primeiro momento, defende Lobo d’Ávila, a fase deve ser de ponderação, para que o partido consiga digerir “o que correu mal” e perceber a “mudança estrutural” que tem de fazer a partir daqui. Com uma farpa direta a quem fez parte da cúpula do partido na era Cristas: “É uma derrota de toda a direção, que assumiu um caminho. Ainda só ouvi Assunção Cristas a assumir essa derrota…”.
Se há tese que os críticos internos - incluindo o grupo de Lobo d’Ávila, o Juntos Pelo Futuro, que detém 18,5% dos assentos do Conselho Nacional - têm defendido é precisamente que não bastará mudar a liderança, sendo necessário que as mudanças de opções e prioridades no CDS sejam mais do que cosméticas. Até porque, reconhece o ex-deputado, se o problema do CDS passasse por uma questão de rostos, Assunção Cristas teria trazido um bom resultado ao partido. “Tínhamos um excelente rosto e isso em determinados momentos foi a mais valia do partido”, assume.
O problema mais apontado, à cabeça, continua a ser uma “diluição” da “razão pela qual as pessoas devem votar no CDS”. Ou seja, a dispersão de bandeiras e de mensagem que vinha sendo apontada pelos críticos da direção - uma discussão que não é sequer “ideológica” mas antes “pragmática”, defende o ex-deputado, que decidiu abandonar o Parlamento em rutura com a atual direção no último congresso do CDS.
Depois da hecatombe eleitoral, será preciso “unir e reerguer o partido”. Estará Lobo d’Ávila disponível para fazê-lo? ““Tenho disponibilidade total e neste momento não excluo nenhum cenário”, assume, depois de meses a preparar a moção que levará, como nos congressos anteriores, à reunião magna do partido. O tempo é de ponderação, mas Lobo d’Ávila deixa avisos: não será por uma possível candidatura de João Almeida que se deixará “condicionar” nas opções que tomar.
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