Notícia da morte do fundador do CDS chegou a meio de um almoço de campanha dos centristas. A bandeira na sede do partido, no largo do Caldas, em Lisboa, já está a meia haste. De formas diferentes, todos os partidos reagem ao desaparecimento do ex-político, em plena reta final da campanha
Em atualização
A notícia chegou com peso no penúltimo dia de campanha eleitoral. No CDS, a desorientação atingiu a caravana, que soube da morte de Freitas do Amaral, um dos seus fundadores e líder histórico, enquanto almoçava com a estrutura local de Barcelos.
A pouco e pouco, a comitiva passou a confirmar que iria manter a agenda, mas “com sobriedade”. Ou seja, para o mega jantar desta quinta feira — o maior da campanha, no Porto — não haverá música nem bombos. Será transformado num jantar comício de homenagem a Freitas do Amaral, com António Lobo Xavier a recordar momentos da fundação do partido. A agenda para o último dia de campanha, que prometia ser muito agitado (os centristas vão descer do Porto a Lisboa, onde acontecerão a arruada e comício finais, com paragens em Leiria e Setúbal), ficará ainda condicionada pelas cerimónias fúnebres, cujos horários e datas ainda não são conhecidos. Em qualquer caso, Assunção Cristas planeia marcar presença tanto no velório como no funeral do fundador do CDS.
A bandeira da sede do CDS, no largo do Caldas, já está a meia haste. No site oficial do partido, há uma nota de pesar que lembra que o afastamento do fundador, nos últimos anos, não foi definitivo. “Todos podemos, pois, olhar-nos, falar-nos e cumprimentar-nos uns aos outros sem qualquer embaraço ou desconfiança. Continuamos irmãos, embora separados”, disse Freitas do Amaral, citado na homenagem do CDS, a alguém que “será sempre considerado um homem de Estado, um notável académico, e uma figura fundamental da democracia-cristã europeia”.
O PS mantém a agenda de campanha desta quinta-feira, com arruada às 17h na Avenida Duque d’Avila e comício à noite em Setúbal, mas ambas as iniciativas serão sem música — não haverá bombos na arruada nem o habitual DJ a animar o comício, no qual está previsto um minuto de silêncio.
Mas, em declarações aos jornalistas, António Costa sublinhou que a campanha continua. "A campanha é um momento essencial da democracia e é uma forma também de homenagear Freitas do Amaral", afirmou esta tarde. Costa recorda Freitas do Amaral como "um dos pais fundadores da nossa democracia, um notável jurista e um grande estadista que deu um grande contributo para a construção do nosso regime democrático e a sua consolidação".
"Deixa um enorme vazio a todos nós", acrescentou, recordando o que aprendeu com Freitas do Amaral enquanto "colega de governo, político e jurista". "Poucos deram tanto a Portugal, à liberdade e à democracia de que hoje podemos beneficiar."
Também o Partido Socialista deixou uma nota de pesar pela morte de um dos primeiros grandes adversários políticos do partido, no pós-25 de abril. “A memória de Diogo Freitas do Amaral, quer como adversário político – que travou com Mário Soares uma das mais épicas batalhas eleitorais da história da Democracia portuguesa – quer nos momentos de convergência, suscita ao Partido Socialista um sentimento de profundo respeito, que queremos sublinhar neste momento de perda para Portugal e para os democratas portugueses.”
“Tive agora uma noticia triste: acabou de falecer o doutor Freitas do Amaral e queria deixar aqui uma palavra de homenagem. Nem sempre o PSD esteve de acordo com ele nem ele com o PSD, mas, nos momentos importantes, o doutor Freitas do Amaral foi um aliado. É um dos fundadores de um dos principais partidos nacionais, o CDS, e queria prestar-lhe aqui a minha homenagem cinco minutos depois de saber que acabou de falecer”, disse Rui Rio aos jornalistas.
A arruada de hoje vai decorrer sem banda musical e a festa prevista para amanhã, em Lisboa, foi cancelada. Assim sendo, no último dia de campanha, o PSD terá a arruada e uma intervenção final, apenas.
Sem alterar os planos, pelos menos por enquanto, o Partido Comunista Português reconheceu Freitas do Amaral como uma das personalidades “mais marcantes da vida política portuguesa nas ultimas décadas” e um “notável académico”. “É conhecida a distância política que sempre separou Freitas do Amaral do PCP, mas é inequívoco que foi uma das personalidades políticas mais marcante da vida política portuguesa nas últimas décadas, quer como dirigente partidário, como membro do Governo e até no plano internacional como presidente da assembleia-geral das Nações Unidas", disse à agência Lusa o deputado do PCP António Filipe.
A morte do histórico líder do CDS também não alterou os planos do PAN, que esta noite terá, pela primeira vez, um jantar de campanha. Nessa altura, o líder do partido irá reagir à morte de Freitas do Amaral.
Em desenvolvimento
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt
