Rui Rio considera que é muito pouco provável que António Costa não soubesse dos planos de Azeredo Lopes em torno da recuperação do armamento militar de Tancos. O ministro da Defesa articula-se com um deputado e não avisa o primeiro-ministro? Não articula com o primeiro-ministro?”, questionou o líder social-democrata.
Em conferência de imprensa, Rui Rio deixou uma de duas teses no ar: Azeredo Lopes informou António Costa e o primeiro-ministro foi "conivente com aquilo que se passou"; ou "temos um Governo em que os ministros não informam o primeiro-ministro de tudo aquilo que é importante do seu Ministério" e portanto Costa não tem "autoridade" para chefiar um Executivo. Para o líder social-democrata, ambas as hipóteses são "muito más". "É um assunto grave em termos de funcionamento do Estado de direito democrático", reforçou.
Desafiado pelos jornalistas a concretizar qual das hipóteses lhe parecia mais forte, Rio foi taxativo: "É pouco crível que um ministro não articule aspetos desta gravidade com o primeiro-ministro", disse.
Rio apontou ainda para a impressão digital do PS nas notícias que foram sendo divulgadas sobre o alegado envolvimento de Marcelo Rebelo de Sousa na trama de Tancos. Para o social-democrata, "tudo leva a crer" que "houve uma encenação por parte do Governo" para que saíssem notícias a implicar o Presidente da República e assim "criar uma cortina de fumo".
Como o Expresso adiantou na quarta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa terá ficado furioso com a "pré-campanha" montada contra ele e no Palácio de Belém corre a tese de que tudo não passou de uma tentativa do PS de desviar atenções do caso.
O líder social-democrata preferiu centrar-se na questão política do caso, alegando que o processo "está entregue à Justiça". "Podemos tirar algumas conclusões da acusação, mas não muitas porque é uma acusação, não uma sentença transitada em julgado. O que está escrito na acusação pode não ser tudo provado em tribunal, pode não ser tudo verdade, mas seguramente não é tudo mentira tal é a forma como a acusação está formulada”, explicou.
Além de questionar o nível de informação (ou a falta dela) de que António Costa dispunha, Rio também criticou o papel de Tiago Barbosa Ribeiro, deputado que terá, alegadamente, sido informado por Azeredo Lopes de todo a encenação sem nunca o ter reportado ao Parlamento ou às autoridades competentes.
Aliás, a equipa de Rio distribuiu aos jornalistas cópias de notícias em que o deputado socialista elogiava a audição parlamentar "sólida e esclarecedora" do ministro quando foi chamado a falar sobre Tancos e uma publicação no Facebook em que Barbosa Ribeiro elogiava a "elevação" e "dignidade" do ex-ministro. Para Rio, esta atitude do deputado PS revela "uma certa cultura no modo de funcionamento do grupo parlamentar socialista" em que se "tenta branquear e fugir à verdade".
O presidente do PSD garantiu ainda que o partido vai solicitar uma reunião da comissão permanente para avaliar a hipótese de chamar Azeredo Lopes ao Parlamento.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt