Operação Marquês

O “desgosto” de Vieira da Silva num PS dividido. Sócrates voltou "a falhar na explicação ao país", aponta Medina

16 abril 2021 11:13

Vítor Matos

Vítor Matos

Jornalista

José Sócrates falou à imprensa estrangeira para dizer que o PS o queria condenado sem julgamento

rui duarte silva

Fernando Medina diz que não falou com António Costa e que “o insulto não surpreende”. Ana Catarina Mendes, líder parlamentar, que pediu “recato”, já censurou o pedido do deputado Pedro Delgado Alves para o PS fazer uma autocrítica

16 abril 2021 11:13

Vítor Matos

Vítor Matos

Jornalista

Fernando Medina, o mais importante candidato do PS nas autárquicas, foi o primeiro a furar o silêncio dos socialistas: José Sócrates ouviu-o “com repugnância” dizer que o seu comportamento, como viver de entregas avultadas de dinheiro, “corrói o funcionamento da democracia”. Para Sócrates, aquele “personagem” cujo nome nem pronunciou estava a fazer-lhe “uma canalhice” a mando do líder do PS, cujo nome também não disse mas que acusou de “cobardia moral”. No dia seguinte, numa conferência de imprensa com jornalistas estrangeiros, foi mais longe no ataque ao seu antigo partido: “O PS queria que eu fosse condenado sem julgamento.”

Perante a violência da reação do ex-líder — cujo Governo integrou e de quem foi porta-voz —, o presidente da Câmara de Lisboa diz ao Expresso que “o insulto e o apoucamento não surpreendem, como também não impressionam nem condicionam em nada”. Fernando Medina mantém “integralmente o que disse” e garante que continuará a dizer o que a sua “consciência ditar”, negando que tenha falado a mando do líder do PS: “Não falei com António Costa sobre este assunto.” Tomou a decisão de se pronunciar depois de ter ouvido a decisão instrutória e a reação de Sócrates “à saída do tribunal”. A entrevista à TVI só o fez reforçar o que já tinha dito: “Com tristeza ouvi, uma vez mais, José Sócrates falhar no fundamental da explicação ao país.”