O juiz Ivo Rosa deu literalmente a cara por uma decisão que deixou quase destruída a acusação do Ministério Público na Operação Marquês. Sem máscara, o que é raro nas salas de audiência dos tribunais desde que a pandemia de covid 19 rebentou, o juiz de instrução criminal avisou logo que a decisão "não" era a "favor ou contra ninguém" e de seguida bebeu um gole de água num copo que tinha à frente e arrasou quase por completo a acusação de mais de quatro mil páginas do procurador Rosário Teixeira, que uns metros ao lado ia já escrevendo o requerimento para o recurso contra a bomba que já adivinhava no ar.
Logo de início, o juiz Ivo Rosa considerou que há indícios de que o princípio do juiz natural foi violado com a atribuição do processo na sua fase inicial ao "juiz 1", a denominação burocrática de Carlos Alexandre, o outro juiz do Tribunal Central que, ao contrário de Ivo Rosa, sufragou quase todas as decisões do Ministério Público, incluindo a prisão preventiva de José Sócrates, que passou longos meses na prisão de Évora e depois em prisão domiciliária guardado por um agente da PSP.
Alexandre é como a Nemesis de Ivo. Mais favorável ao MP, contra o estilo mais garantístico do juiz que num tom calmo repreendia o MP a cada frase.
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