Luanda Leaks

CMVM pede informações a auditores sobre Luanda Leaks. Nos e Galp também são visadas

Gabriela Figueiredo Dias, presidente da CMVM
Gabriela Figueiredo Dias, presidente da CMVM
Alberto Frias

Regulador iniciou ações de supervisão sobre os auditores após notícias sobre Isabel dos Santos. CMVM também quer saber se Nos e Galp estão a transmitir ao mercado todas as informações relevantes sobre o caso

CMVM pede informações a auditores sobre Luanda Leaks. Nos e Galp também são visadas

Diogo Cavaleiro

Jornalista

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) pediu informações específicas a auditores sobre os factos divulgado pelo Luanda Leaks, a fuga de informação relacionada com Isabel dos Santos noticiada pelo consórcio ICIJ, integrado pelo Expresso e a SIC.

"A CMVM iniciou ações de supervisão junto de um conjunto de responsáveis" de "auditores relevantes", assumiu a presidente do regulador do mercado de capitais, Gabriela Figueiredo Dias, esta quinta-feira, 23 de janeiro, numa conferência para divulgar as prioridades de supervisão para 2020. Esses contactos existem desde segunda-feira.

A PwC é a auditora onde até já houve consequências devido aos dados do Luanda Leaks, por trabalhar com várias empresas do universo de Isabel dos Santos. A CMVM é o supervisor das auditoras em Portugal e integrou nestas ações de supervisão as auditoras mais expostas a este caso, sem as identificar.

Segundo acrescentou o administrador da CMVM José Miguel Almeida, em causa está a recolha de informação sobre os riscos potenciais, bem como com a necessidade de confirmar os factos noticiados.

"Está tudo em aberto. Pode não levar a nada, a multas, sanções, perdas de idoneidade. A CMVM tem à sua disposição instrumento de atuação", concretizou Gabriela Figueiredo Dias. "O auditor tem de cumprir determinadas regras e é isso que queremos saber".

O regulador defende, no entanto, que a atuação pós-divulgação noticiosa não se fica por aqui: também as empresas emitentes de valores mobiliários são olhadas, bem como os intermediários financeiros.

"As três entidades que saíram na cobertura da imprensa que têm ligação mais direta são a Galp, a Nos, o Eurobic e existe a situação da Efacec, mas a Efacec não é sociedade aberta", concretizou também o administrador da CMVM, João Gião. Em relação à Galp e à Nos, a relevância é sobretudo no campo da obrigatoriedade de divulgação de informação ao mercado que tenha de ser tornada pública. No caso do Eurobic, ainda que sendo intermediário financeiro, está em causa mais a atuação sob supervisão do Banco de Portugal, que, do seu lado, já anunciou que pediu informação e avisou que pode atuar no campo da supervisão prudencial e contraordenacional.

"A CMVM está a acompanhar situações com muita atenção", disse a líder do regulador, acrescentando que a informação tornada pública no Luanda Leaks "é de enorme relevo".

Questionada sobre as críticas feitas pela antiga eurodeputada Ana Gomes, que acusou a CMVM de conivência em operações protagonizadas por Isabel dos Santos, Gabriela Figueiredo Dias frisou que recebeu denúncias da própria, e que elas foram "valorizadas e tratadas". Não significa isso, sublinhou, que haja um tratamento público e específico sobre a mesma, sendo integradas nas atividades sobre entidades.

No entanto, a responsável quis dizer que houve denúncias - não relacionadas com este caso - ligadas a capital angolano que foram passadas para autoridades judiciais.

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