União Europeia

Estónia denuncia violação do espaço aéreo por caças russos e solicita reunião ao abrigo do Artigo 4 da NATO

Margus Tsahkna, ministro dos Negócios Estrangeiros da Estónia
Margus Tsahkna, ministro dos Negócios Estrangeiros da Estónia
Anadolu/Getty Images

De acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Estónia, os três caças russos sobrevoaram território estónio durante 12 minutos. NATO diz ter respondido de imediato, intercetando as aeronaves

Estónia denuncia violação do espaço aéreo por caças russos e solicita reunião ao abrigo do Artigo 4 da NATO

Helena Bento

Jornalista

O Governo da Estónia denunciou, esta sexta-feira, a entrada de três aviões militares russos no seu espaço aéreo.

De acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Margus Tsahkna, os três caças MiG-31 sobrevoaram território estónio durante 12 minutos. "A Rússia já violou o espaço aéreo da Estónia quatro vezes só este ano, o que é inaceitável por si só, mas a violação de hoje, durante a qual três caças entraram no nosso espaço aéreo, é de uma ousadia sem precedentes", afirmou o ministro, citado pela Reuters.

O ministro acrescentou que é necessário "um rápido reforço da pressão política e económica" sobre a Rússia, face às repetidas provocações e a crescente "agressividade" do país.

As autoridades polacas informaram que dois aviões militares russos voaram sobre uma plataforma de petróleo e gás no Mar Báltico, violando a zona de segurança da instalação.

O incidente levou a Estónia a solicitar uma reunião ao abrigo do Artigo 4 da NATO. A informação foi confirmada pelo primeiro-ministro estónio, Kristen Michal, segundo o jornal "The Guardian". Numa publicação na rede social X, o chefe do governo descreveu o incidente como “totalmente inaceitável”.

O Artigo 4 da NATO permite que qualquer país-membro convoque os restantes aliados para consultas sempre que considerar que a sua segurança está ameaçada.

A Estónia apresentou ainda um protesto formal ao principal diplomata russo no país, de acordo com a Reuters.

NATO "respondeu de imediato"

A NATO confirmou o incidente. Numa publicação na rede social X, a porta-voz Allison Hart sublinhou que "a resposta foi imediata, com a interceção das aeronaves". "A violação do espaço aéreo da Estónia por aviões russos é mais um exemplo do comportamento imprudente de Moscovo", acrescentou.

Ursula von der Leyen já reagiu à situação. Na mesma rede social, garantiu que a Europa está ao lado da Estónia "perante a mais recente violação do nosso espaço aéreo pela Rússia".

"Responderemos a cada provocação com determinação, ao mesmo tempo que investimos no reforço do nosso flanco leste. À medida que as ameaças aumentam, também aumentará a nossa pressão", afirmou a presidente da Comissão Europeia, apelando aos líderes da União Europeia para aprovarem "rapidamente" o 19.º pacote de sanções.

A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, classificou o incidente como uma “provocação extremamente perigosa” e alertou para o agravamento das tensões na região.

A responsável garantiu que a União Europeia está “em total solidariedade com a Estónia” e que mantém contacto direto com o Governo de Tallinn. “Continuaremos a apoiar os nossos Estados-membros no reforço das suas defesas com recursos europeus. Putin está a testar a determinação do Ocidente. Não podemos mostrar fraqueza”, acrescentou.

Também António Costa, presidente do Conselho Europeu, descreveu o incidente como "mais uma provocação inaceitável” e defendeu o reforço da defesa europeia. “A União Europeia está firmemente ao lado da Estónia. Este incidente mostra, mais uma vez, a urgência de reforçar o nosso flanco leste, de aprofundar a cooperação europeia em matéria de defesa e de intensificar a pressão sobre a Rússia."

O líder europeu adiantou ainda que será debatida "uma resposta conjunta às ações de Moscovo" na reunião informal do Conselho Europeu, marcada para 1 de outubro, em Copenhaga.

"Não foi um acidente"

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, classificou como “ultrajante” a violação do espaço aéreo da Estónia, apelando a uma resposta "forte" e "sistémica" por parte dos aliados. "A Rússia tem de sentir uma pressão crescente por parte da comunidade internacional, sobretudo através da sua economia, e isso consegue-se com sanções", afirmou o presidente, numa publicação nas redes sociais.

Vários líderes políticos europeus condenaram igualmente o incidente, entre os quais a ministro da Defesa da Lituânia, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, o chefe da diplomacia alemã, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, bem como os primeiros-ministros da Suécia e da Chéquia.

O incidente ocorre pouco mais de uma semana depois de mais de 20 drones russos terem entrado no espaço aéreo da Polónia, levando aviões da NATO a abater alguns deles. O Ministério da Defesa russo garantiu que "não havia qualquer intenção de atacar alvos em território polaco". Mas o ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, Radoslaw Sikorski, afirmou não ter "qualquer dúvida de que não foi acidental".

Dias depois, o Governo da Roménia anunciou que um drone entrou no espaço aéreo romeno, durante um ataque russo contra infraestruturas na vizinha Ucrânia.

Notícia atualizada às 19h00.


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