União Europeia

Eurodeputada extremista romena, expulsa de sessão do Parlamento Europeu, quer levar padre a Bruxelas para livrar “demónios”

Eurodeputada extremista romena, expulsa de sessão do Parlamento Europeu, quer levar padre a Bruxelas para livrar “demónios”
Dursun Aydemir/Anadolu via Getty Images

Diana Șoșoacă é conhecida pelas suas posições de extrema-direita e as suas interrupções já vêm desde os tempos como deputada em Bucareste. O seu partido defende que certos territórios da Ucrânia pertencem à Roménia e é contra o apoio da UE aos ucranianos

Eurodeputada extremista romena, expulsa de sessão do Parlamento Europeu, quer levar padre a Bruxelas para livrar “demónios”

Hélio Carvalho

Jornalista

A sessão plenária do Parlamento Europeu desta quinta-feira ficou marcada pela reeleição de Ursula von der Leyen como presidente da Comissão Europeia. Mas a alemã não foi a única protagonista, já que uma eurodeputada romena de extrema-direita conseguiu ser expulsa pouco depois de os novos representantes europeus chegarem a Estrasburgo.

Durante a sessão, a romena Diana Șoșoacă, controversa líder do partido de extrema-direita S.O.S. Romania, interrompeu por três vezes os discursos, para agitar objetos religiosos e gritar conspirações sobre a pandemia e slogans anti-aborto.

A gota d'água ocorreu durante o discurso da francesa Valérie Hayer, líder do Renew Europe (o partido liberal europeu onde está inserido o Iniciativa Liberal), em que Șoșoacă gritou: “Vocês mataram pessoas, eu tenho o direito a falar”. O site ‘Politico’ sugere que a romena estaria a fazer referência a teorias da conspiração, criadas em torno de Ursula von der Leyen e o caso na justiça sobre vacinas em que está envolvida.

A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, acabou com as interrupções e expulsou Șoșoacă da câmara. A eurodeputada acabou por sair, não sem antes recusar ser retirada pelos seguranças. No exterior, Șoșoacă continuou a dar voz a teorias conspiracionistas de extrema-direita, criticando o apoio europeu à Ucrânia.

O comportamento de Diana Iovanovici-Șoșoacă em Bruxelas e Estrasburgo não será uma novidade, considerando o seu histórico no parlamento em Bucareste. Șoșoacă é conhecida pelos seus discursos excêntricos e extremistas, e por utilizar simbologia religiosa na sua atividade política.

No seu primeiro dia no Parlamento Europeu, segundo o ‘Politico’, usou um traje folclórico romeno do século XX. Aos jornalistas, contou que iria “trazer um padre para consagrar os escritórios”. “Eu tenho direito à religião e a expressar a minha fé”, atirou, acrescentando que “tal como no parlamento romeno, aqui os demónios encontram-se”.

O seu partido, o eurocético S.O.S. Romania, tem posições extremistas contra a imigração, a comunidade LGBTI+ e a vacinação para a covid-19. Sobre a Ucrânia, defende a “devolução” de territórios ucranianos à Roménia e opõe-se a qualquer ajuda aos ucranianos, até por ter alegadas ligações com o Kremlin.

No seu primeiro discurso no Parlamento como eurodeputada da Roménia, a líder ultraconservadora voltou a criticar o apoio da União Europeia à Ucrânia, argumentando que quem estava a pagar a conta eram os cidadãos romenos.

Durante o voto em que Roberta Metsola foi eleita, Șoșoacă fez uma transmissão em direto no Facebook, em que se filmou a riscar os nomes de Metsola e da outra candidata, Irene Montero, escrevendo antes: “NUNCA PELA UCRÂNIA, NUNCA POR LGBT, NUNCA PELA DITADURA DA UE”. Apesar do protesto, Metsola foi eleita com 90,2% dos votos.

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