O ex-primeiro-ministro eslovaco Robert fico prepara-se para voltar ao poder com o apoio da extrema-direita. De nada serviram os avisos do Partido Socialista Europeu, que apontou a via das sanções e da expulsão caso avançasse por esse caminho. Na resposta, o PES avança com a suspensão do partido eslovaco SMER.
"Esta medida foi tomada na sequência da clara divergência com os valores da família PES demonstrada pelo líder do SMER-SD, Robert Fico", justificou a presidência do Partido Socialista Europeu, em comunicado.
Na sequência desta decisão, também o grupo dos Socialistas & Democratas, a que pertence o PS, anunciou que vai avançar com a suspensão dos três eurodeputados do SMER e do Hlas (membro associado). Justificam que o memorando de entendimento assinado por estes dois partidos e um partido de extrema-direita SNS "não é compatível com os valores e princípios progressistas" do grupo.
"Os recentes comentários públicos e as posições tomadas pelos líderes dos partidos SMER e HLAS relativamente à guerra russa contra a Ucrânia, à migração, ao Estado de direito e à comunidade LGTBIQ suscitaram sérias preocupações e não têm lugar na família progressista", acrescenta ainda o S&D em comunicado.
Costa pediu medidas duras para Fico
António Costa foi um dos líderes dos socialistas europeus a escrever ao presidente do PES, Stefan Löfven, a defender medidas duras para Fico, caso este se aliasse à extrema-direita. "Esse partido ou se mantém nesta família e não faz acordos com a extrema-direita ou faz acordos com a extrema-direita e sai", disse ainda o primeiro-ministro aos jornalistas, em Granada.
Para já, o PES avança com a suspensão. No entanto, não é a primeira vez que o faz. Já em 2006, o SMER também foi suspenso, depois de uma aliança semelhante com o SNS. A polémica "Fico" tem suscitado uma dura troca de críticas entre PSD e PS, com os sociais-democratas a compararem o caso de Robert Fico ao do primeiro-ministro Vicktor Orbán, entretanto expulso do Partido Popular Europeu.
Ao Expresso, Pedro Marques argumenta que "na prática", a suspensão dos eurodeputados do grupo S&D é "o mesmo que serem expulsos", não tendo direito a participarem nas reuniões do grupo, nem a cargos em nome da bancada, nem a subvenções financeiras. O eurodeputado socialista e vice-presidente do S&D, diz que o grupo está articulado e segue a lógica do PES.
"Se acabarem com a coligação com a extrema-direita (o SMER) pode pedir para regressar", diz ainda. A suspensão deixa a porta aberta à possibilidade de Fico reconsiderar. No entanto, o que o político eslovaco tem dito, citado pelo Euractiv, é que prefere ser expulso a mudar de política. A prioridade para já é voltar a ser primeiro-ministro.
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