“Temos de enfrentar todas as possibilidades e alcançar o acordo que ainda não foi possível até agora”, diz Vladimir Putin durante a conferência de imprensa conjunta com o chanceler alemão. “Confiamos na decisão que seja feita do outro lado do Atlântico”, diz o Presidente russo, referindo-se à possibilidade de uma solução de paz incluir os termos da Rússia que ainda não foram acatados.
“Queremos guerra?”, pergunta Putin. “Claro que não, queremos um acordo que garanta a segurança de todos e ainda não houve uma resposta construtiva para a Rússia”.
“Estamos prontos a trabalhar com os nossos parceiros europeus, mas as questões devem ser consideradas na sua totalidade”, disse o Presidente russo, justificando que a “liderança da Ucrânia recusa-se a considerar o nosso ponto de vista, os acordos de Minsk não estão infelizmente a ser cumpridos”. No entanto, Putin repetiu o agradecimento ao chanceler alemão “por todo o trabalho que fizemos juntos”.
“É muito importante estar aqui hoje” em Moscovo, no dia a seguir à visita a Kiev, disse Olaf Scholz precisando não terem sido evitados “nenhum dos assuntos que são importantes para nós” e sublinhando o facto de “os nossos países estarem ligados pela história e por laços culturais”. A título de exemplo da ligação entre a Alemanha e a Rússia, o chanceler holz sublinhou que os dois países poderiam “enfrentar juntos as alterações climáticas desde que trabalhem juntos”. Resumindo e a propósito do tema do dia, “Importante é manter o diálogo vivo entre a Rússia e a Alemanha e que outros se possam juntar”, disse, insistindo nas conversações tripartidas.
“Esta é a crise mais tensa em muitos anos e foi nesse contexto que mantivemos o nosso diálogo. Estamos a monitorizar a situação e não encontramos razão para tão grande número de tropas junto à fronteira com a Ucrânia. Temos de encontrar uma solução de paz. Algumas destas tropas terão de abandonar os seus postos atuais e a daí começaremos as nossas negociações”, disse Scholz.
“O meu desejo é que as conversações entre nós continuem. Um ataque à Ucrânia poderia ter consequências e temos de evitá-lo. Evitar isso é a razão da minha visita a Kiev e a Moscovo, precisamos de movimento e de evolução” nas conversações, acrescentou o chanceler.
Paz duradoura só é possível com a Rússia
“Para a Alemanha e para resto da Europa é claro que a paz duradoura não pode ser alcançada sem a Rússia. Para a minha geração a guerra tornou-se uma perspetiva impossível e assim deve manter-se”.
Vladimir Putin aproveitou esta intervenção do chanceler para afirmar “pertencer à mesma geração” que não “suporta a ideia de guerra na Europa”. Já em resposta às perguntas dos jornalistas, Putin recusou-se a comentar a retirada de alguns efetivos russos das suas posições junto à fronteira com a Ucrânia argumentando “não comentar manobras em nome dos militares”.
Putin disse que Moscovo está pronta para conversações com os Estados Unidos e com a NATO sobre os limites de deslocação de mísseis e transparência militar. Durante as suas declarações após o encontro a dois, Vladimir Putin disse que os EUA e a NATO rejeitaram a exigência de Moscovo de manter a Ucrânia e outras ex-nações soviéticas fora da Aliança Atlântica, parar movimentos armados perto das fronteiras russas e reverter forças da aliança da Europa de Leste. No entanto, escreve a Euronews, os Estados Unidos e NATO concordaram em discutir uma série de medidas de segurança previamente propostas por Moscovo.
Também havia seis metros de mesa entre Vladimir Putin e Olaf Scholz durante as conversações à porta fechada, tantos quantos os que garantiram, uns dias antes, a distância e o relativo insucesso do encontro entre o Presidente russo e o francês Emmanuel Macron. Apesar do ambiente tenso e da seriedade das afirmações, o chanceler não desarmou e insistiu na importância do diálogo mantido e a manter doravante. Putin insistiu nas exigências apresentadas, porém manteve aberta no seu discurso a via do diálogo.
O chanceler alemão concordou que as opções diplomáticas “estão longe de esgotadas”. Chamou ao anúncio da retirada de tropas russas “um bom sinal” e disse esperar que “se sigam mais”.
Permanecem dúvidas relativamente ao anúncio de retirada de efetivos russos da fronteira e as chefias da Aliança Atlântica declararam não haver sinais de “redução de tropas no terreno”.
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