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Autoridades russas mostram tortura a homens do Daesh-K: “A impunidade dos castigadores é algo que nenhuma ditadura pode dispensar”

Quatro suspeitos de ataque ao centro Crocus, nos arredores de Moscovo, apareceram em tribunal com marcas de tortura
Quatro suspeitos de ataque ao centro Crocus, nos arredores de Moscovo, apareceram em tribunal com marcas de tortura
TATYANA MAKEYEVAOLGA MALTSEVA

Não acontecia há muito tempo, se é que algum dia aconteceu na era da televisão. Os quatro principais suspeitos do ataque terrorista ao centro comercial Crocus foram levados para tribunal com marcas claras de tortura. As faces inchadas, negras, olhos pisados, lábios cortados. Um dos suspeitos entrou de cadeira de rodas, algaliado, e não esteve sempre consciente durante a audiência. Se estes atos violentos sempre existiram mas sempre foram encobertos, de onde vem e para que serve a espetacularização do castigo?

Autoridades russas mostram tortura a homens do Daesh-K: “A impunidade dos castigadores é algo que nenhuma ditadura pode dispensar”

Ana França

Jornalista da secção Internacional

Este domingo, os russos viram imagens que nunca antes tinham sido transmitidas para a população geral: quatro homens, com marcas muito claras de violência no rosto foram presentes a tribunal, um deles numa cadeira de rodas, com um olho muito danificado, algália e, aparentemente, desmaiado. Não houve qualquer tentativa de esconder as provas de tortura.

Um deles, identificado como Saidakrami Murodali Rachabalizoda (30 anos), chegou com um pedaço de gaze numa orelha. Foi a ele que cortaram parte da orelha, e depois tentaram fazer com que comesse esse pedaço da sua carne. Está gravado. O ato é realizado por um homem em farda militar russa.

Um outro homem, Shamsidin Fariduni (26 anos), aparece numa fotografia deitado no chão do ginásio de uma escola, com as calças puxadas para baixo e fios ligados à zona genital. O terceiro suspeito, Dalerdzhon Barotovich Mirzoyev (32 anos) chegou a tribunal com várias nódoas negras e inchaços. E os seus captores nem se deram ao trabalho de remover os restos do saco de plástico que lhe enrolaram ao pescoço, possivelmente para o asfixiar. O quarto suspeito, Muhammadsobir Fayzov (20 anos), foi levado para a sala de audiências numa cadeira de rodas e pareceu perder a consciência durante a audiência.

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