Eleições presidenciais russas: último dia da votação marcado por ação de apoio a Navalny e contra Putin
Protesto contra as eleições presidenciais russas em frente à embaixada da Rússia em Berlim, 17 de março de 2024
Anadolu
Milhares de russos protestaram pacificamente, nas assembleias de voto locais, contra a reeleição de Vladimir Putin: boicotaram o voto ao destruir o boletim ou selecionar outro candidato que não o líder russo. Esta ação foi apoiada por Alexei Navalny pouco antes da sua morte
Já três quartos da população russa votaram para eleger o próximo Presidente, Vladimir Putin. Mas o terceiro e último dia de votação está a ser marcado por uma ação de protesto contra a reeleição do chefe de Estado da Rússia, que entrará no seu quinto mandato.
Em homenagem ao líder da oposição Alexei Navalny, que morreu há um mês numa prisão no Ártico, milhares de pessoas participaram numa ação de protesto, ao meio-dia local, nas assembleias de voto. A ação está, por isso, a ser chamada “Meio-Dia Contra Putin”.
Muitos destruíram os seus boletins de voto e votaram num dos outros três candidatos que concorrem contra Vladimir Putin: o representante do partido Novo Povo Vladislav Davankov, o comunista Nikolai Kharitonov e o ultranacionalista Leonid Slutski.
De acordo com a agência Reuters, outros protestantes escreveram simbolicamente o nome de Navalny no boletim. A sua viúva, Yulia Navalnaya, também participou numa manifestação em frente à embaixada russa em Berlim, junto a outros eleitores que iam votar.
A ação de protesto “Meio-Dia contra Putin” tinha sido apoiada por Alexei Navalny em fevereiro, pouco antes da sua morte. Em Moscovo, por exemplo, a participação nas assembleias de voto para apoiar Navalny e rejeitar Putin aumentou significativamente até às 12 horas.
Esse aumento na participação eleitoral também se verificou noutras cidades russas, bem como nas embaixadas no estrangeiro, relata a agência de notícias EFE. As autoridades não intervieram para impedir a manifestação pacífica, apesar dos avisos do Ministério Público russo.
Yulia Navalnaya, viúva do falecido líder da oposição do Kremlin, Alexei Navalny, participa num comício perto da embaixada russa em Berlim, onde os eleitores fizeram fila para votar nas eleições presidenciais russas de 17 de março de 2024
TOBIAS SCHWARZ
Participação eleitoral superior a 2018
A Comissão Eleitoral Central da Rússia dá conta que, pelas 14h15 (menos três em Portugal continental), e a cerca de seis horas do encerramento dos últimos centros de votação, 74,09% dos estimados 112 milhões de eleitores já tinham votado.
É um valor que já fica acima do das eleições de 2018 (67,5%). Os dados divulgados este domingo incluem tanto a votação eletrónica remota — a que Putin recorreu logo no primeiro dia, sexta-feira — como a votação presencial.
As assembleias de voto estão abertas até às 20 horas em todo o país, que tem 11 fusos-horários. Os ucranianos que moram nas regiões ilegalmente anexadas pela Rússia em setembro de 2022 (Luhansk, Donetsk, Zaporíjia e Kherson) também estão a ser obrigados a votar.
Sem surpresas, Putin será reeleito, devendo ficar no poder até 2030, quando completará 77 anos. Depois disso, há ainda a possibilidade de um mandato adicional até 2036 devido a uma alteração constitucional que foi feita há quatro anos.