O secretário-geral da NATO já reagiu à morte de Alexei Navalny: Jens Stoltenberg diz estar “profundamente triste e perturbado” com o falecimento do maior opositor do Presidente russo, Vladimir Putin. “Temos de apurar todos os factos e a Rússia tem de responder a todas as dúvidas sobre as circunstâncias da sua morte”, defendeu Stoltenberg, de acordo com a Reuters.
Os Estados Unidos estão a procurar ativamente confirmar a morte, informou o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca à estação de rádio NPR. “Se for confirmada, é uma tragédia terrível”, diz Jake Sullivan.
Em caso de confirmação, “a Rússia é responsável”, afirma o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken. “Durante mais de uma década, o Governo russo processou, envenenou e prendeu Alexei Navalny. Além disso, a sua morte numa prisão russa e a fixação e o medo de um homem apenas sublinham a fraqueza e a podridão no coração do sistema que Putin construiu”, continuou.
Também a vice-presidente, Kamala Harris, declara que “a Rússia é responsável”. “Trata-se, evidentemente, de uma notícia terrível, que estamos a tentar confirmar”, afirmou na Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha. “Se for confirmado, será mais um sinal da brutalidade do Presidente russo, Vladimir Putin”, salientou.
“Obviamente foi morto por Putin”, afirmou o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em conferência de imprensa ao lado do chanceler alemão, em Berlim, acrescentando que o líder russo “não se importa com quem morre, desde que mantenha a sua posição”. “Qualquer pessoa empenhada na democracia deve temer pela sua segurança e pela sua vida e é por isso que estamos todos muito tristes”, declarou Olaf Scholz, citado pela AFP.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, indicou apenas que o serviço penitenciário russo está a fazer todas as verificações relativamente ao sucedido e que Vladimir Putin foi informado da morte de Navalny.
Para a União Europeia, o “regime russo” é “o único responsável por esta morte trágica”, escreveu o presidente do Conselho Europeu na rede social X (antigo Twitter). Charles Michel salienta que Navalny “lutou pelos valores da liberdade e da democracia”. “Pelos seus ideais, fez o derradeiro sacrifício”, acrescenta.
O chefe da diplomacia europeia está “chocado” com a notícia. Josep Borrell refere que Navalny foi “um homem muito corajoso que dedicou a sua vida a salvar a honra da Rússia, dando esperança aos democratas e à sociedade civil”. “Enquanto aguardamos mais informações, sejamos claros: esta é uma responsabilidade exclusiva de Putin.”
Também a presidente do Parlamento Europeu lamentou a perda. “O mundo perdeu um lutador cuja coragem ecoará através de gerações”, apontou Roberta Metsola numa publicação na mesma rede social. “A Rússia tirou-lhe a liberdade e a vida, mas não a dignidade. A sua luta pela democracia continua a existir”, garante.
Ursula von der Leyen aponta que Putin “não teme nada mais do que a dissidência do seu próprio povo”. “Uma recordação sinistra do que são Putin e o seu regime. Vamos unir-nos na nossa luta para salvaguardar a liberdade e a segurança daqueles que se atrevem a opor-se à autocracia”, realça a presidente da Comissão Europeia.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, presta homenagem a um homem que “resistiu ao regime de Putin e lutou pela democracia na Rússia” e acusa o Presidente russo, que “exerceu o seu poder arbitrário prendendo-o em circunstâncias cada vez mais draconianas”, de ser “responsável pela sua morte”.
O Presidente da Letónia diz que Navalny foi “brutalmente assassinado pelo Kremlin”. “É um facto e é algo que se deve saber sobre a verdadeira natureza do atual regime da Rússia”, considera Edgars Rinkevics.
O homólogo lituano, Gitanas Nauseda, corroborou que Navalny “não morreu na prisão, mas foi morto pela brutalidade do Kremlin”, com o objetivo de “silenciar a oposição a qualquer custo”. Também o Presidente da Estónia, Alar Karis, considerou que a “triste verdade” é que o Kremlin “silenciou os opositores ao regime” durante décadas, citando os assassinatos da jornalista Anna Politkovskaya e do político Boris Nemtsov.
“Na Rússia de hoje, os espíritos livres são metidos no gulag e condenados à morte. Raiva e indignação”, reage o Presidente francês, Emmanuel Macron, saudando a “memória” e a “coragem” de Navalny.
A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo encara as acusações ocidentais como “auto-reveladoras”. Numa publicação no Telegram, Maria Zakharova diz que os resultados forenses ainda não estão disponíveis, mas que o Ocidente já chegou às suas próprias conclusões.
Ainda na Rússia, o presidente da câmara baixa do Parlamento (Duma) culpou os líderes da NATO, Estados Unidos, Ucrânia, Reino Unido e Alemanha. “São eles, com as suas muitas decisões fracassadas (...) que beneficiam com a sua morte”, escreveu Vyacheslav Volodin no Telegram, sem explicar esta acusação, mas reiterando a mensagem de que o Ocidente quer “destruir a Rússia”.
Já o dissidente russo Oleg Orlov, que começou a ser julgado nesta sexta-feira em Moscovo, acusou o regime de Putin. “É um crime do regime, isso é óbvio”, afirmou à saída da primeira audiência do julgamento por ter denunciado repetidamente a agressão russa contra a Ucrânia. “Esta é uma notícia terrível, uma tragédia para todos nós”, classifica o veterano ativista dos direitos humanos, de 70 anos, citado pela AFP.
O antigo campeão mundial de xadrez, Garry Kasparov, é outro opositor a culpar o Presidente russo. “Putin não conseguiu matar Navalny rápida e secretamente ao envenená-lo. Agora, assassinou-o lenta e publicamente na prisão”, escreveu na rede social X.
Também o prémio Nobel da Paz 2021, Dmitri Muratov, diz estar em causa uma “notícia assustadora”, classificando-a como resultado de um assassínio. “O assassínio foi acrescentado à sentença de Alexei Navalny”, acusou Muratov, que é editor-chefe do jornal independente Novaya Gazeta, proibido de ser produzido na Rússia.
O primeiro-ministro britânico fala numa “enorme tragédia”. “Alexei Navalny, o mais acérrimo defensor da democracia russa, demonstrou uma coragem incrível ao longo da sua vida”, destaca Rishi Sunak.
O primeiro-ministro canadiano nota que a morte de Navalny recorda ao mundo o “monstro” que é Putin. “Ele era um lutador tão forte pela democracia, pelas liberdades do povo russo. Isto mostra bem até que ponto Putin irá reprimir qualquer pessoa que esteja a lutar pela liberdade do povo russo”, disse Justin Trudeau à estação de rádio CBC.
O Governo espanhol exige que a Rússia esclareça o que aconteceu. “Exigimos o esclarecimento das circunstâncias da sua morte, ocorrida durante a sua prisão injusta por razões políticas”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, citado pela agência EFE.
O Gabinete dos Direitos Humanos das Nações Unidas também reclama uma investigação independente, que diz ser a única forma de Moscovo refutar a sua presumível responsabilidade.
“Estamos chocados com a notícia de que Alexei Navalny, figura da oposição russa, morreu na prisão. O Gabinete dos Direitos Humanos das Nações Unidas, juntamente com outras entidades, tinha repetidamente manifestado sérias preocupações relativamente às acusações contra Navalny e à sua repetida detenção, que parecia ser arbitrária”, afirmou a porta-voz, Liz Throssell.
Lembrando que “o Estado tem o dever acrescido de proteger a vida das pessoas privadas de liberdade”, a responsável enfatizou que “se alguém morre sob a custódia do Estado, presume-se que o Estado é responsável, uma responsabilidade que só pode ser refutada através de uma investigação imparcial, exaustiva e transparente, efetuada por um organismo independente”.