Reino Unido

Reino Unido vai vetar lei escocesa que permite mudar género aos 16 anos

Reino Unido vai vetar lei escocesa que permite mudar género aos 16 anos
Miguel Sotomayor

Será a primeira vez que o executivo britânico irá recorrer a um mecanismo que permite vetar diplomas que tenham sido aprovados em Edimburgo

O Governo do Reino Unido anunciou esta segunda-feira que vai vetar um projeto-lei para facilitar o processo de mudança de género a partir dos 16 anos, que tinha sido aprovado pelo parlamento da Escócia, noticia a agência EFE.

Será a primeira vez que o executivo britânico irá recorrer a um mecanismo que permite vetar diplomas que tenham sido aprovados em Edimburgo, alegando tratar-se de matérias da competência do Governo central.

Assim, prevê-se que ministro britânico responsável pela Escócia, Alister Jack, apresente esta terça-feira, na Câmara dos Comuns, uma ação que evite que a legislação aprovada pelo parlamento escocês sobre a mudança de género a partir dos 16 anos seja enviada para o rei Carlos III.

“A minha decisão de hoje têm que ver com as consequências da legislação (escocesa) sobre o funcionamento da proteção à igualdade na Grã-Bretanha e de outros assuntos reservados”, justificou o ministro, em comunicado.

Alister Jack sublinhou que o veto do Governo britânico “é necessário e correto”, ressalvando que não se trata de uma decisão “tomada de ânimo leve”.

“As pessoas transgénero que estão a atravessar o processo de mudança de sexo merecem o nosso respeito, apoio e compreensão”, acrescentou.

Por seu turno, a primeira-ministra da Escócia e líder do Partido Nacional Escocês (SNP), Nicola Sturgeon, considerou esta decisão do Governo do Reino Unido como um “ataque frontal” à autonomia do parlamento escocês.

“O Governo escocês irá defender a legislação e o parlamento da Escócia. Se este veto tiver êxito será o primeiro de muitos”, alertou.

A lei britânica estabelece a idade mínima de 18 anos para solicitar uma mudança de género, exigindo para o efeito um diagnóstico médico de disforia e evidências de que quem solicita tenha vivido, pelo menos, dois anos na condição do seu novo género.

Já a lei escocesa, impulsionada pelo SNP, reduziu o limite para os 16 anos e deixou de exigir a apresentação de relatórios médicos e de outras provas.

Por sua vez, a porta-voz para Igualdade do Governo da Escócia, Maggie Chapman, considerou, em comunicado, que esta decisão representa “um dia negro para o acordo de descentralização de competências, para a democracia e para os direitos das pessoas transgénero”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate