Guerra no Médio Oriente

Portugueses da flotilha rejeitam entregar ajuda humanitária destinada a Gaza, que seria distribuída pelo Estado israelita

Flotilha que saiu de Barcelona com o objetivo de fazer chegar ajuda humanitária a Gaza
Flotilha que saiu de Barcelona com o objetivo de fazer chegar ajuda humanitária a Gaza
NurPhoto

A sugestão tinha sido feita pelas autoridades italianas e reiterada pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel. "Está bem documentado o bloqueio regular da ajuda humanitária por Israel à entrada de Gaza como o assassinato sistemático de civis em pontos de distribuição", sublinharam os membros da flotilha

Os membros portugueses da Flotilha Global Sumud rejeitaram esta sábado entregar a ajuda humanitária destinada a Gaza, em resposta à sugestão feita pelas autoridades italianas e reiterada pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.

Num comunicado a que a Lusa teve acesso, os três portugueses rejeitaram a possibilidade de a ajuda humanitária ser entregue no Chipre e posteriormente carregada para Gaza pelo Patriarcado Latino de Jerusalém para depois ser entregue pelo Estado israelita.

"Está bem documentado o bloqueio regular da ajuda humanitária por Israel à entrada de Gaza como o assassinato sistemático de civis em pontos de distribuição", sublinharam os membros da flotilha.

Paulo Rangel frisou na quinta-feira essa alternativa para a entrega da ajuda humanitária, que resultou de um acordo de mediação entre as autoridades italianas, as autoridades israelitas e a Igreja Católica.

"Gostaríamos de clarificar que o propósito desta missão humanitária é abrir um corredor humanitário para Gaza. A posição do Governo italiano, de desviar a Flotilha para outro destino, não representa a proteção mas o desvirtuamento da missão", sublinha o comunicado.

O ministro português, que se encontrava em Nova Iorque para a Assembleia-Geral da ONU, frisou também que "não há nenhum plano extra" face aos relatos de explosões intimidatórias contra a flotilha que transporta ajuda humanitária, sublinhado que os "riscos são conhecidos, todas as pessoas estão conscientes deles".

Face a estas declarações, os membros portugueses admitiram que reconhecem os perigos a que estão sujeitos, contudo consideram que "o papel do Governo português é proteger a missão humanitária".

"Reconhecemos que esta missão envolve perigos, que decorrem exclusivamente do cerco que Israel mantém ao povo palestiniano de Gaza em violação da Lei Internacional", adianta a nota.

A Flotilha Global Sumud é composta por cerca de 50 navios com ativistas, políticos, jornalistas e médicos de mais de 40 nacionalidades, incluindo três portugueses: a deputada Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício.

"Reiteramos o nosso apelo para que o Governo português empenhe todos os esforços para por fim ao genocídio do povo palestiniano, a começar pela imposição de sanções a Israel e pela proteção diplomática desta missão humanitária", adianta o comunicado.

A nota acrescenta ainda que os três navios onde seguem os portugueses partirão ainda hoje de Creta com destino a Gaza.

Na quarta-feira, após o último ataque de drone à flotilha, Mariana Mortágua apelou a uma mobilização social em Portugal para pressionar o Governo a proteger esta missão.

"A vossa mobilização e capacidade de pressionar o governo português, que tem sido dos governos com as reações mais tímidas, mais vergonhosas até em relação à flotilha e à sua proteção, a vossa pressão é essencial para garantir a segurança desta flotilha, um corredor humanitário, e para contribuir para acabar com o genocídio", apelou Mariana Mortágua, num vídeo divulgado na sua conta oficial de Instagram.

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