Os serviços de Internet e telemóvel sofreram hoje um corte generalizado em toda a Faixa de Gaza, à medida que prosseguem os ataques do exército israelita contra o enclave palestiniano.
A interrupção do serviço ocorreu com o avanço dos carros de combate israelitas na zona, um dia depois de as autoridades palestinianas terem reportado falhas na cidade de Gaza, pelo que se prevê que as operações lançadas para “tomar” a cidade se estendam a toda a Faixa.
“Estamos a gritar no vazio”, lamentou um residente que tentava obter ligação telefónica, segundo o Centro de Informação da Palestina, que alerta que muitos habitantes estão sem acesso a informação sobre o que acontece a poucos metros de distância.
Organizações de defesa dos direitos humanos estimam que cerca de 800 mil palestinianos ficaram “completamente isolados” na cidade de Gaza devido ao apagão, que coincide com o avanço dos veículos militares israelitas em direção a bairros no noroeste da Faixa.
O exército israelita bombardeou hoje intensamente a cidade de Gaza, o que provocou a fuga de milhares de pessoas e deixou os hospitais à beira do colapso, segundo a ONU.
Com apoio dos Estados Unidos, Israel anunciou na terça-feira o início de uma campanha terrestre e aérea em Gaza para destruir o Hamas.
A estrada costeira que atravessa Gaza ficou congestionada com milhares de pessoas a fugir para o sul, a pé, de carro ou em carroças puxadas por burros, com os pertences empilhados à pressa, relataram jornalistas da agência France-Presse (AFP) no local.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que “a incursão militar e as ordens de evacuação no norte de Gaza provocam novas vagas de deslocamentos”.
A situação forçou “famílias traumatizadas a concentrar-se numa área cada vez mais reduzida, incompatível com a dignidade humana”, denunciou.
A ONU calculava no fim de agosto que cerca de um milhão de pessoas viviam na cidade de Gaza e arredores, enquanto o exército israelita disse que “mais de 350 mil” já fugiram da zona.
O exército de Israel disse na quarta-feira que atingiu “um depósito de armas do Hamas destinado a atacar tropas israelitas” e que bombardeou mais de 150 alvos em Gaza desde o início da ofensiva terrestre. A operação foi condenada internacionalmente e também em Israel, onde cresce a preocupação com os reféns ainda retidos em Gaza.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt