Guerra no Médio Oriente

Israel confirma ataque em Doha contra liderança do Hamas

Israel confirma ataque em Doha contra liderança do Hamas
Anadolu

O exército israelita assumiu a responsabilidade pelo ataque aéreo em Doha, que visava uma delegação do Hamas, numa altura em que decorria a mediação de um cessar-fogo

Atualizado às 18h35

O exército israelita confirmou esta terça-feira ter realizado um ataque aéreo em Doha, capital do Catar, com o objetivo de atingir membros da liderança do Hamas. A operação foi conduzida em cooperação com a agência de segurança interna Shin Bet, segundo relataram a Sky News e a Al Jazeera.

Numa declaração conjunta, as Forças de Defesa de Israel (IDF) e a Agência de Segurança Israelita (ISA) afirmaram ter levado a cabo “um ataque preciso contra a alta liderança da organização terrorista Hamas”, alegando que os visados “são diretamente responsáveis pelo brutal massacre de 7 de outubro e têm orquestrado e gerido a guerra contra o Estado de Israel”.

Segundo o comunicado, “antes do ataque, foram tomadas medidas para mitigar os danos aos civis, incluindo o uso de munições precisas e inteligência adicional”.

O presidente israelita Benjamin Netanyahu utilizou a rede social X para assumir responsabilidades sobre o ocorrido. “A ação de hoje contra os principais líders terroristas do Hamas foi uma operação israelita totalmente independente. Israel iniciou-a, Israel conduziu-a e Israel assume total responsabilidade por ela”, escreveu.

Explosões foram ouvidas na capital do Catar, nomeadamente no distrito de Katara, e colunas de fumo foram avistadas no local, relataram testemunhas citadas pela Reuters. As ruas encheram-se de ambulâncias, viaturas da polícia e carros do governo sem identificação. Segundo a agência britânica, a delegação do Hamas em Doha sobreviveu aos ataques.

Para o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Catar, Majed Al Ansari este ataque “constitui uma violação flagrante de todas as leis e normas internacionais e representa uma ameaça à seguranºa e proteção dos catarianos e residentes no Catar”.

"Embora o Estado do Catar condene veementemente este ataque, confirma que não tolerará este comportamento imprudente de Israel e a contínua perturbação da segurança regional, nem qualquer ato que vise a sua segurança e soberania. Estão em curso investigações ao mais alto nível e mais detalhes serão anunciados assim que estiverem disponíveis", acrescentou.

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, também condenou o ataque israelita. “Acabámos de tomar conhecimento dos ataques israelitas no Catar, um país que tem desempenhado um papel muito positivo para alcançar um cessar-fogo e a libertação de todos os reféns. Condeno esta violação flagrante da soberania e integridade territorial do Catar”, afirmou.

Segundo noticia a Al Jazeera, citada pela agência Lusa, o ataque teria como objetivo uma delegação de negociadores do Hamas que estava reunida para discutir a proposta norte-americana de cessar-fogo na Faixa de Gaza.

O ataque inédito surgiu após o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Saar, ter anunciado que Israel aceitou a mais recente proposta do Presidente norte-americano, Donald Trump, para um cessar-fogo em Gaza.

"Operação extraordinária", elogia líder da oposição israelita

Entretanto, o líder da oposição israelita, Yair Lapid, felicitou o Exército por “uma operação extraordinária”, aludindo ao ataque contra a liderança do Hamas.

“Parabéns à Força Aérea, às FDI (Forças de Defesa de Israel), ao Shin Bet [agência de inteligência interna] e a todas as forças de segurança por uma operação extraordinária para frustrar o nosso inimigo”, escreveu Lapid na conta pessoal na rede social X.

Lapid é uma das primeiras figuras públicas israelitas a comentar o ataque, que, segundo disse à EFE uma fonte oficial israelita, teve como alvo os líderes do Hamas que se refugiam no país árabe, um dos principais mediadores da guerra na Faixa de Gaza.

Governo recomenda aos portugueses em Doha que permaneçam em casa

A embaixada portuguesa em Doha apelou aos portugueses residentes na capital do Qatar para que evitem todas as deslocações, após o ataque de Israel contra responsáveis do movimento islamita palestiniano Hamas.

"A Embaixada informa que face às explosões que se ouviram faz alguns minutos em Doha aconselhamos todos os portugueses a evitarem todas as deslocações, procurando manterem-se em casa", escreveu a embaixada, numa curta mensagem na rede social Facebook.

[Notícia atualizada às 18h35]

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