O exército israelita vai "concentrar" as suas operações na cidade de Gaza, no norte do território palestiniano, para atacar de "forma decisiva" o Hamas, anunciou este domingo o chefe do Estado-Maior. "Aprovámos o plano para a próxima fase da guerra", declarou Eyal Zamir, durante uma visita no terreno à Faixa de Gaza, citado num comunicado do exército.
"Manteremos o ímpeto da operação, concentrando-nos na cidade de Gaza", acrescentou, referindo-se à ofensiva de grande escala anunciada em meados de maio pelo exército no território palestiniano, em guerra há 22 meses.
Sublinhando que Gaza é considerada por Israel um dos últimos bastiões do movimento islamita palestiniano Hamas, Eyal Zamir afirmou que os ataques continuarão até à sua "derrota decisiva", com os reféns "no centro" das preocupações israelitas.
As declarações do chefe do Estado-Maior sobre "planos que visam ocupar Gaza são a promessa de uma nova vaga de extermínio e deslocamento massivo", reagiu o movimento islamita no seu 'site' oficial. O Hamas considera tratar-se de "um crime de guerra de grande dimensão, que reflete o desprezo do ocupante pelas leis internacionais e humanitárias", levado a cabo "com o apoio político e militar dos Estados Unidos, que deram carta branca a Israel".
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, tinha anunciado no final da semana passada a aprovação deste novo plano, ratificado pelo seu gabinete de segurança, para uma nova fase das operações na Faixa de Gaza, já sem referência à operação anunciada em maio. Essa operação "atingiu os seus objetivos, o Hamas já não tem as mesmas capacidades de antes", afirmou o chefe do exército.
Netanyahu acusa manifestantes de reforçarem Hamas
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, acusou este domingo os apoiantes da greve geral, convocada pelas famílias dos reféns em Gaza, de reforçarem o movimento islamita palestiniano Hamas e de atrasar a libertação dos detidos.
"Aqueles que pedem hoje o fim da guerra sem uma derrota para o Hamas não apenas fortalecem a posição do Hamas e atrasam a libertação dos nossos reféns, mas também garantem que os horrores de 7 de outubro se repetirão continuamente, e que teremos que travar uma guerra sem fim", acusou Netanyahu na reunião semanal de gabinete.
A reunião do executivo decorreu numa altura em que foi convocada uma greve geral e milhares de pessoas saíram para as ruas para protestar, bloqueando estradas, para exigir o fim da guerra na Faixa de Gaza e o regresso dos reféns ainda detidos no enclave palestiniano – cerca de 50, dos quais se estima que 20 estejam vivos.
Netanyahu considerou que esses protestos "estão a garantir que os horrores de 7 de outubro se repitam e que teremos que travar uma guerra sem fim", aludindo ao ataque sem precedentes do Hamas, em 2023, em território israelita, que fez cerca de 1.200 mortos e perto de 250 reféns. "Tanto para promover a libertação dos nossos reféns quanto para garantir que Gaza não represente mais uma ameaça para Israel, devemos concluir a tarefa e derrotar o Hamas", afirmou.
O primeiro-ministro israelita defendeu a decisão, tomada há pouco mais de uma semana, de ocupar a cidade de Gaza e a área de Mawasi, onde vivem mais de um milhão de pessoas que seriam deslocadas para o sul, afirmando que o seu Governo está "determinado a implementá-la".
Sobre a possibilidade de um cessar-fogo em Gaza, que as famílias dos reféns exigem, Netanyahu indicou que o Hamas atualmente recusa-se a aceitar uma das condições de Israel: manter o controlo de segurança na Faixa.
"O Hamas exige exatamente o oposto. Quer que nos retiremos completamente de toda a Faixa", explicou, uma condição que Israel não aceita porque, segundo o primeiro-ministro, isso facilitaria a reorganização do grupo islamita e o regresso de ataques contra Israel.
Recentemente, uma delegação do Hamas viajou para o Cairo para conversar com mediadores sobre um acordo de trégua, naqueles que são os primeiros contactos anunciados para um cessar-fogo desde a última ronda de negociações indiretas realizadas no Catar em julho entre representantes de Israel e do movimento que controla Gaza, e que foram suspensas devido a acusações mútuas.
A operação militar israelita desencadeada após o ataque de Hamas causou já mais de 61 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas, perante acusações de genocídio por vários países e organizações.