Guerra no Médio Oriente

Em dia de greve contra estratégia de Netanyahu, Israel anuncia nova fase da ofensiva em Gaza

Benjamin Netanyahu
Benjamin Netanyahu
Kevin Dietsch

Benjamin Netanyahu acusou os apoiantes da greve geral, convocada pelas famílias dos reféns em Gaza, de reforçarem o movimento islamita palestiniano Hamas e de atrasar a libertação dos detidos

O exército israelita vai "concentrar" as suas operações na cidade de Gaza, no norte do território palestiniano, para atacar de "forma decisiva" o Hamas, anunciou este domingo o chefe do Estado-Maior. "Aprovámos o plano para a próxima fase da guerra", declarou Eyal Zamir, durante uma visita no terreno à Faixa de Gaza, citado num comunicado do exército.

"Manteremos o ímpeto da operação, concentrando-nos na cidade de Gaza", acrescentou, referindo-se à ofensiva de grande escala anunciada em meados de maio pelo exército no território palestiniano, em guerra há 22 meses.

Sublinhando que Gaza é considerada por Israel um dos últimos bastiões do movimento islamita palestiniano Hamas, Eyal Zamir afirmou que os ataques continuarão até à sua "derrota decisiva", com os reféns "no centro" das preocupações israelitas.

As declarações do chefe do Estado-Maior sobre "planos que visam ocupar Gaza são a promessa de uma nova vaga de extermínio e deslocamento massivo", reagiu o movimento islamita no seu 'site' oficial. O Hamas considera tratar-se de "um crime de guerra de grande dimensão, que reflete o desprezo do ocupante pelas leis internacionais e humanitárias", levado a cabo "com o apoio político e militar dos Estados Unidos, que deram carta branca a Israel".

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, tinha anunciado no final da semana passada a aprovação deste novo plano, ratificado pelo seu gabinete de segurança, para uma nova fase das operações na Faixa de Gaza, já sem referência à operação anunciada em maio. Essa operação "atingiu os seus objetivos, o Hamas já não tem as mesmas capacidades de antes", afirmou o chefe do exército.


Netanyahu acusa manifestantes de reforçarem Hamas

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, acusou este domingo os apoiantes da greve geral, convocada pelas famílias dos reféns em Gaza, de reforçarem o movimento islamita palestiniano Hamas e de atrasar a libertação dos detidos.

"Aqueles que pedem hoje o fim da guerra sem uma derrota para o Hamas não apenas fortalecem a posição do Hamas e atrasam a libertação dos nossos reféns, mas também garantem que os horrores de 7 de outubro se repetirão continuamente, e que teremos que travar uma guerra sem fim", acusou Netanyahu na reunião semanal de gabinete.

A reunião do executivo decorreu numa altura em que foi convocada uma greve geral e milhares de pessoas saíram para as ruas para protestar, bloqueando estradas, para exigir o fim da guerra na Faixa de Gaza e o regresso dos reféns ainda detidos no enclave palestiniano – cerca de 50, dos quais se estima que 20 estejam vivos.

Netanyahu considerou que esses protestos "estão a garantir que os horrores de 7 de outubro se repitam e que teremos que travar uma guerra sem fim", aludindo ao ataque sem precedentes do Hamas, em 2023, em território israelita, que fez cerca de 1.200 mortos e perto de 250 reféns. "Tanto para promover a libertação dos nossos reféns quanto para garantir que Gaza não represente mais uma ameaça para Israel, devemos concluir a tarefa e derrotar o Hamas", afirmou.

O primeiro-ministro israelita defendeu a decisão, tomada há pouco mais de uma semana, de ocupar a cidade de Gaza e a área de Mawasi, onde vivem mais de um milhão de pessoas que seriam deslocadas para o sul, afirmando que o seu Governo está "determinado a implementá-la".

Sobre a possibilidade de um cessar-fogo em Gaza, que as famílias dos reféns exigem, Netanyahu indicou que o Hamas atualmente recusa-se a aceitar uma das condições de Israel: manter o controlo de segurança na Faixa.

"O Hamas exige exatamente o oposto. Quer que nos retiremos completamente de toda a Faixa", explicou, uma condição que Israel não aceita porque, segundo o primeiro-ministro, isso facilitaria a reorganização do grupo islamita e o regresso de ataques contra Israel.

Recentemente, uma delegação do Hamas viajou para o Cairo para conversar com mediadores sobre um acordo de trégua, naqueles que são os primeiros contactos anunciados para um cessar-fogo desde a última ronda de negociações indiretas realizadas no Catar em julho entre representantes de Israel e do movimento que controla Gaza, e que foram suspensas devido a acusações mútuas.

A operação militar israelita desencadeada após o ataque de Hamas causou já mais de 61 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas, perante acusações de genocídio por vários países e organizações.

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