Netanyahu afirma que Israel quer controlar militarmente “toda a Faixa de Gaza” mas não governar o território
Primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu
Evelyn Hockstein/Reuters
O primeiro-ministro israelita não quer “manter” a Faixa de Gaza — pretende “estabelecer um perímetro de segurança” e depois entregar o poder a “forças árabes”. O Hamas já reagiu: promete que “Gaza continuará a resistir” e avisa que as declarações de Netanyahu são um “golpe flagrante contra o processo de negociação” de um novo cessar-fogo
Benjamin Netanyahu disse esta quinta-feira que Israel pretende assumir o controlo militar de “toda a Faixa de Gaza”. “É nossa intenção”, afirmou o primeiro-ministro israelita numa entrevista àFox News. O objetivo, alega, é “garantir a segurança” do seu país e povo e “libertar o povo de Gaza do terrível terror do Hamas”.
Estas afirmações foram feitaspoucos dias depoisde Netanyahu ter ordenado a ocupação militar de todo o enclave palestiniano, incluindo zonas onde estão reféns mantidos pelo movimento islamita Hamas, sequestrados no ataque de 7 de outubro de 2023. O grupo terrorista ainda tem sob a sua alçada 50 reféns, dos quais 30 estarão mortos.
Apesar de querer controlar militarmente todo o enclave, Benjamin Netanyahu esclareceu que Israel não pretende governar o território. “Não queremos manter [a Faixa de Gaza]. Queremos estabelecer um perímetro de segurança, mas não queremos governá-la. Não queremos estar lá como órgão governamental”, afirmou. As forças armadas israelitas dizem que já controlam cerca de 75% do território.
O objetivo é também “remover o Hamas, permitir que a população se liberte da Faixa de Gaza e passar o controlo para um governo civil que não seja o Hamas nem qualquer outro que defenda a destruição de Israel”, disse ainda durante a entrevista. A ideia seria entregar posteriormente o território a “forças árabes”.
“Queremos entregar o poder às forças árabes, que governarão adequadamente sem nos ameaçar e oferecerão uma vida digna ao povo de Gaza. Isto não é possível com o Hamas”, acrescentou o primeiro-ministro israelita, sem especificar que “forças árabes” serão exatamente essas.
“Gaza continuará a resistir”, responde Hamas
Numa reação às declarações de Netanyahu, o Hamas considerou o seu discurso um “golpe flagrante contra o processo de negociação” de um novo cessar-fogo em Gaza, apesar de já estarem “perto de um acordo final”. “Revela claramente os verdadeiros motivos por trás da sua retirada da última ronda”, disse o grupo num comunicado citado pela agência Reuters.
“Afirmamos que Gaza continuará a resistir e que expandir a agressão contra o povo palestiniano não será fácil. O custo será alto e oneroso para a ocupação e para o exército nazista”, lê-se ainda na declaração do Hamas, que acusa o primeiro-ministro israelita de servir os seus “interesses pessoais e agendas ideológicas extremistas”.
Os dois grandes objetivos de Israel, segundo ‘Bibi’, são trazer de volta os reféns e destruir o Hamas. Enquanto tenta alcançar o segundo, a população em Gaza está a ser dizimada. Morreram mais de 61 mil palestinianos desde o início da guerra, segundo o balanço das autoridades de saúde locais, considerado fidedigno pela ONU. Do lado israelita o Hamas fez 1200 mortos.