Guerra no Médio Oriente

Trump diz que acordo de tarifas será “muito difícil” se o Canadá reconhecer a Palestina

Trump diz que acordo de tarifas será “muito difícil” se o Canadá reconhecer a Palestina
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O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirma que um acordo comercial com o Canadá vai ser “muito difícil” após o primeiro-ministro canadiano ter anunciado intenção de reconhecer um Estado palestiniano

O Presidente dos Estados Unidos afirmou que um acordo comercial com o Canadá vai ser “muito difícil”, após declarações do primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, sobre a intenção de reconhecer um Estado palestiniano. “O Canadá acaba de anunciar que apoia um Estado palestiniano. Vai ser muito difícil concluirmos um acordo comercial com eles. Ó Canadá!!!!”, escreveu Donald Trump, quarta-feira, na plataforma Truth Social, da qual é proprietário.

O Canadá pretende reconhecer o Estado da Palestina na Assembleia-Geral das Nações Unidas, em setembro, anunciou Carney nesse. Defende ser necessária uma mudança de política para preservar a esperança da solução de dois Estados. “O Canadá pretende reconhecer o Estado da Palestina na 80.ª sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas, em setembro de 2025”, disse numa conferência de imprensa.

Após o anúncio, Israel condenou a intenção do Canadá, que considera favorecer o movimento islamita Hamas. “Reconhecer um Estado palestiniano na ausência de um Governo responsável, de instituições funcionais ou de uma liderança benevolente recompensa e legitima a monstruosa barbárie do Hamas a 7 de outubro de 2023”, afirmou a embaixada de Israel em Otava.

França anunciou intenção semelhante na semana passada, tornando-se o primeiro país do G7 a fazê-lo, e o Reino Unido e outros 15 países admitiram, na terça-feira, o reconhecimento do Estado da Palestina, caso Israel não acabe com a “situação catastrófica em Gaza”, decrete um cessar-fogo no enclave palestiniano e garanta que não vai anexar a Cisjordânia.

Resposta às ações de Israel

Carney enquadrou a decisão como resposta ao “sofrimento insuportável” causado pelas ações de Israel para impedir a distribuição de ajuda humanitária em Gaza, à violência dos colonos israelitas na Cisjordânia e aos planos de anexação do território palestiniano.

“O Canadá está empenhado, há muito, numa solução de dois Estados: um Estado palestiniano independente, viável e soberano, ao lado de um Estado de Israel em paz e segurança. Durante décadas, esperou-se que este resultado fosse alcançado no âmbito de um processo de paz”, explicou Carney.

“Infelizmente, esta abordagem já não é alcançável”, acrescentou Carney. Embora tenha abordado a rejeição pelo Hamas da solução de dois Estados e o ataque de 7 de outubro de 2023, atribuiu a culpa da crise humanitária ao Governo israelita.

Reconhecimento alargado

Até ao momento, pelo menos 142 dos 193 países-membros da ONU reconhecem o Estado palestiniano, segundo dados da agência de notícias France-Presse. Entre os 27 da União Europeia, dez reconhecem o Estado palestiniano: Bulgária, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Hungria, Irlanda, Polónia, Roménia e Suécia. A Chéquia, embora tenha repudiado o reconhecimento que “herdou” da Checoslováquia, nunca o retirou formalmente.

A Conferência Internacional para a Solução de Dois Estados no Médio Oriente terminou, terça-feira, com uma declaração que apoia “inabalavelmente” uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano e a guerra em curso em Gaza. A “Declaração de Nova Iorque” estabelece um plano por fases para pôr fim ao conflito de quase oito décadas e à guerra em Gaza, culminando com uma Palestina independente e desmilitarizada, ao lado de Israel, e a integração deste país na região do Médio Oriente.

Numa declaração conjunta assinada no final da conferência sobre a solução dos dois Estados, nas Nações Unidas, Portugal admite reconhecer o Estado da Palestina e declara-se empenhado em trabalhar no “dia seguinte” em Gaza. Pela Europa, assinam a declaração Andorra, Eslovénia, Espanha, Finlândia, França, Islândia, Irlanda, Luxemburgo, Malta, Noruega, Portugal e São Marino.

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