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Guerra no Médio Oriente

Só se antecipa caos no pós-guerra sem Hamas: porque é que Gaza continua sem plano de futuro?

Gaza, após bombardeamentos israelitas
Gaza, após bombardeamentos israelitas
NurPhoto

Tem sido uma das questões centrais nas negociações para o fim da guerra durante um período significativo. Uma queixa central dos negociadores americanos durante o Governo de Joe Biden foi a de que os israelitas não tinham um plano legítimo para o pós-guerra em questões básicas. Para vários analistas, “não há solução sem um verdadeiro acordo de paz e um Estado Palestiniano”. Que lideranças se perfilam?

O objetivo estipulado pelo Governo israelita é destruir o Hamas, embora nunca se tenha mostrado disposto a especificar que estruturas políticas ou administrativas substituiriam o grupo extremista. As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla inglesa) têm comunicado repetidamente ao Governo que podem derrotar e degradar militarmente o Hamas, mas é impossível destruir a sua ideologia política.

Os Estados Unidos (EUA), sob os governos de Joe Biden e Donald Trump, questionaram Benjamin Netanyahu sobre os seus planos para o “dia seguinte” à guerra. Nenhum dos dois obteve resposta realista do primeiro-ministro israelita.

Em março, em resposta ao plano de Trump, que previa a limpeza dos habitantes palestinianos de Gaza e a edificação de uma “Riviera no Médio Oriente” — afastando-se da política de longa data dos EUA para o Médio Oriente, centrada numa solução de dois Estados —, surgiu uma proposta política, elaborada pelo Egito. A ideia seria deixar o Hamas de lado e substitui-lo por órgãos provisórios controlados por Estados árabes, muçulmanos e ocidentais, segundo uma versão preliminar a que a Reuters teve acesso.

Desde maio de 2024, quando estava na ordem do dia um plano de cessar-fogo abrangente, que existiam “propostas para várias forças de estabilização lideradas por árabes e uma administração provisória”, destaca John Strawson, perito em Estudos do Médio Oriente na University of East London. “A Arábia Saudita e os Estados do Golfo estavam ansiosos por liderar este processo. Uma solução regional para garantir a segurança de Israel e pôr fim à tragédia humanitária em Gaza faz sentido.”

O Governo israelita, porém, “bloqueou tudo isto, continuando a guerra, algo que não faz sentido militar, mas que o primeiro-ministro israelita acredita ser do seu interesse político”, lamenta Strawson, em declarações ao Expresso.

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