O grupo extremista palestiniano Hamas manifestou-se hoje disponível para um acordo com Israel que leve ao fim da guerra em Gaza, mas sem aceitar uma proposta norte-americana para uma trégua imediata de 60 dias.
Numa curta declaração, um alto funcionário do Hamas, Taher al-Nunu, respondeu que o grupo que controla Gaza desde 2007 está "pronto e sério em relação a chegar a um acordo", segundo a agência de notícias norte-americana Associated Press (AP).
O Hamas está "pronto a aceitar qualquer iniciativa que conduza claramente ao fim total da guerra", acrescentou, mas insistindo na posição de longa data de que qualquer acordo ponha fim ao conflito em Gaza.
"Estamos a demonstrar um elevado sentido de responsabilidade e estamos a realizar consultas nacionais para discutir as propostas que nos foram enviadas pelos irmãos mediadores", disse o Hamas, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
Trata-se de chegar "a um acordo que garanta o fim da agressão, a retirada [israelita] e a ajuda urgente ao nosso povo na Faixa de Gaza", disse ainda, de acordo com a AFP.
"Os mediadores estão a fazer esforços intensos para reduzir as diferenças entre as partes, chegar a um acordo-quadro e iniciar uma ronda de negociações sérias" para pôr fim ao conflito, acrescentou, segundo a agência de notícias espanhola Europa Press.
Uma delegação do Hamas deverá reunir-se hoje com mediadores egípcios e do Catar no Cairo para discutir a proposta, de acordo com um funcionário egípcio, que falou à AP na condição de não ser identificado.
Ao longo dos quase 21 meses de guerra, as conversações sobre o cessar-fogo entre Israel e o Hamas têm falhado repetidamente sobre se a guerra deve terminar como parte de qualquer acordo.
O Hamas afirmou que estava disposto a libertar os restantes 49 reféns, menos de metade dos quais estarão vivos, em troca de uma retirada total de Israel de Gaza e do fim da guerra.
Israel disse que só aceitará acabar com a guerra se o Hamas se render, desarmar e se exilar, algo que o grupo se recusa a fazer.
Netanyahu não fala de proposta de cessar-fogo anunciada por Trump e garante: “Não haverá Hamas”
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reafirmou hoje o objetivo de destruir o Hamas, sem fazer qualquer menção direta à proposta de cessar-fogo revelada por Donald Trump e supostamente aprovada por Telavive.
"Anuncio-vos: não haverá Hamas. Não vamos voltar a isso. Acabou. Vamos libertar todos os nossos reféns", declarou Netanyahu durante uma visita a uma central elétrica na cidade de Ashkelon, no sul de Israel, sem adiantar mais pormenores.
"Estamos a trabalhar juntos. Vamos concluí-lo juntos, ao contrário do que dizem: vamos eliminá-los completamente", afirmou Netanyahu, referindo-se à possibilidade de destruição do Hamas em simultâneo com o regresso de cerca de 50 reféns, dos quais Israel acredita que 20 ainda estejam vivos no enclave palestiniano.
Um funcionário israelita afirmara antes que a última proposta prevê um acordo de 60 dias que incluiria uma retirada parcial de Israel de Gaza e um aumento da ajuda humanitária ao território.
Os mediadores e os Estados Unidos dariam garantias sobre as conversações para acabar com a guerra, mas Israel não está a comprometer-se com isso como parte da última proposta, disse a mesma fonte à AP.
A atual guerra na Faixa de Gaza, um enclave palestiniano com mais de dois milhões de habitantes, começou em outubro de 2023, após um ataque do Hamas contra Israel que causou cerca de 1200 mortos e 251 reféns.
A ofensiva militar israelita que se seguiu ao ataque provocou mais de 57 mil mortos em Gaza, a destruição de grande parte das infraestruturas do território e uma crise na assistência da população, que se viu privada de ajuda alimentar e médica.
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