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Guerra no Médio Oriente

Elas viram e documentaram os preparativos para o 7 de outubro, mas na hierarquia militar de Israel ninguém prestou atenção

Uma mulher com um cartaz com a fotografia de Naama Levy, uma das cinco mulheres do exército israelita raptadas pelo Hamas a 7 de outubro
Uma mulher com um cartaz com a fotografia de Naama Levy, uma das cinco mulheres do exército israelita raptadas pelo Hamas a 7 de outubro
Alexi J. Rosenfeld/Getty

A vigilância da fronteira entre Gaza e Israel é exclusivamente assegurada por membros femininos das IDF, devido à sua capacidade de concentração acima da média. Qualquer coisa que pareça minimamente suspeita, um ramo de árvore a agitar-se numa noite sem vento, uma sombra perto da rede que separa os dois territórios, exige um relatório. Quando, porém, o Hamas começou a treinar para o grande ataque a Israel do ano passado, cuja preparação nem sequer tentou assim tanto esconder, ninguém quis ouvi-las

Elas viram e documentaram os preparativos para o 7 de outubro, mas na hierarquia militar de Israel ninguém prestou atenção

Ana França

Jornalista da secção Internacional

Apesar de não ser tema confortável entre os que defendem as ações de Israel após o 7 de outubro, não é novidade nem segredo que as autoridades israelitas sabiam que o Hamas estava a planear um ataque em massa pelo menos um ano antes de ele acontecer. O jornal americano “The New York Times” escreveu essa notícia mês e meio após a matança de há um ano. Os relatórios existem, o jornal leu-os e escreveu sobre eles. Ninguém negou o conteúdo dos artigos.

Na altura, a complexidade do plano descrito, a quantidade de material militar que seria necessária e os objetivos do alegado ataque levaram ao descrédito dos avisos que chegaram, diz o periódico, às mais altas esferas militares. Não é certo que tenha chegado às chefias políticas.

Um grupo específico de membros do exército israelita esteve sempre consciente do que estava a acontecer do outro lado da fronteira, em Gaza, mas ninguém quis dar-lhe ouvidos. Esse grupo tem o nome informal de scouts, todas do sexo feminino, jovens colocadas em posições de vigia perto das fronteiras com os territórios ocupados. Observavam há meses e reportavam aos seus superiores todos os exercícios militares dos membros do Hamas.

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