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Guerra no Médio Oriente

Areej Sabbagh-Khoury, socióloga palestiniana: “Os meus colegas e estudantes judeus não são agressores, mas indivíduos que me são queridos”

Uma família em fuga à destruição, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza
Uma família em fuga à destruição, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza
Hatem Khaled / Reuters

Areej Sabbagh-Khoury é professora e socióloga na Universidade Hebraica de Jerusalém. E é também palestiniana israelita. Desde Berkeley, onde se encontra a lecionar, enviou ao Expresso este artigo, escrito originalmente em maio de 2024, e agora atualizado para enquadrar historicamente e assinalar a guerra em curso, no dia em que se cumpre um ano do massacre de 7 de outubro realizado pelo Hamas em Israel e, ao mesmo tempo, um ano da guerra israelita contra Gaza

Areej Sabbagh-Khoury, socióloga palestiniana

Em 29 de abril de 1956, Ro'i Rothberg foi morto numa emboscada em Nahal Oz, um kibbutz situado nos arredores da Faixa de Gaza. Moshe Dayan, chefe do Estado-Maior General das Forças de Defesa de Israel, fez o elogio fúnebre, que incluía o seguinte:

“Ontem de manhã cedo, o Ro'i foi assassinado. A calma de uma manhã de primavera deslumbrou-o e ele não viu aqueles que o aguardavam numa emboscada. Mas não vamos culpar os assassinos hoje. Por que declarar aqui o seu ódio ardente por nós? Há oito anos que eles estão nos campos de refugiados em Gaza, e perante os seus olhos temos transformado em património nosso as terras e as aldeias onde eles e os seus pais habitavam. Não é entre os árabes em Gaza, mas no nosso próprio meio que devemos procurar o sangue de Roi.”

O reconhecimento implícito de Dayan das queixas legítimas dos palestinianos em Gaza - queixas que resultam da desapropriação e da violência colonial - oferece um contraponto fascinante à retórica contemporânea. Levanta também questões fundamentais, tanto sociológicas como morais e normativas: como e porquê as vítimas recorrem à violência como resposta à ação de violência contra elas? Quais são os mecanismos da sua mobilização? E uma tal violência é legítima?

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