O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou durante uma reunião de urgência do Conselho de Segurança, esta quarta-feira em Nova Iorque (madrugada de quinta-feira em Portugal), que “o Inferno está à solta no Líbano”. António Guterres falava num encontro motivado pelo ataque israelita ao Hezbollah.
“Temos de nos alarmar com a escalada, o Líbano está à beira do abismo”, insistiu o antigo primeiro-ministro português (1995-2002). Nesta linha, Guterres repetiu o que tem dito: “O mundo não pode deixar que o Líbano se torne outra Faixa de Gaza”.
Guterres disse que, esta segunda-feira, o Líbano viveu “o dia mais sangrento” dos últimos tempos. O secretário-geral da ONU disse, também, que apoiava “todos os esforços para reforçar as forças armadas libanesas”.
Na visão de António Guterres, as comunidades de ambos os lados “devem poder regressar às suas casas e viver em segurança, sem medo”, acrescentando que “os civis devem ser protegidos”.
“Parem com as mortes e com a destruição. Reduzam as ameaças. Afastem-se da beira do abismo”, apelou.
Apelo alargado a um cessar-fogo imediato
No mesmo dia, os Estados Unidos, a União Europeia e vários países árabes pediram um “cessar-fogo imediato de 21 dias” no Líbano, “para dar oportunidade à diplomacia”. Esta reivindicação surge numa declaração assinada por Estados Unidos, França, União Europeia, Austrália, Canadá, Alemanha, Itália, Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Catar, divulgada pela Casa Branca.
“É tempo de concluir um acordo diplomático que permita aos civis de ambos os lados da fronteira regressar a casa em segurança”, acrescentam os signatários. Noutra declaração, emitida após reunião à margem da Assembleia-Geral da ONU, em Nova Iorque, os presidentes americano e francês, respetivamente, Joe Biden e Emmanuel Macron, afirmaram ter “trabalhado juntos nos últimos dias” para chegar a este apelo.
“Apelamos a uma aprovação alargada e ao apoio imediato dos governos de Israel e do Líbano”, afirmaram os chefes de Estado. Um responsável dos Estados Unidos considerou este apelo internacional a um cessar-fogo no Líbano um “avanço importante”, esperando que permita também estimular conversações sobre uma trégua e a libertação dos reféns na Faixa de Gaza.
Quarta-feira à noite, Israel afirmou ter atingido “mais de dois mil alvos terroristas” do movimento xiita Hezbollah no Líbano, nos últimos três dias, numa ofensiva que já causou dezenas de mortos e centenas de feridos. Segundo a ONU, mais de 90 mil libaneses viram-se obrigados a abandonar as suas casas.
Há quase um ano que as forças israelitas e o grupo extremista Hezbollah estão envolvidos num intenso fogo cruzado ao longo da fronteira entre o Líbano e Israel, nos piores confrontos desde a guerra de 2006. As tensões na região aumentaram desde o ataque de 7 de outubro de 2023 do movimento islamita palestiniano Hamas em território israelita, que fez 1205 mortos, na maioria civis, e 251 reféns.
Em retaliação, o exército israelita iniciou uma guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza, que fez pelo menos 41.495 mortos e 96 mil feridos, além de mais de 10 mil desaparecidos, indicam os mais recentes números das autoridades locais, dominadas pelo Hamas, mas que a ONU considera fidedignos.
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