Guerra no Médio Oriente

Portugal é um mediador crucial, mas reconhecimento da Palestina não vai ocorrer já nem o fornecimento de armas a Israel (258 dias de guerra)

Portugal é um mediador crucial, mas reconhecimento da Palestina não vai ocorrer já nem o fornecimento de armas a Israel (258 dias de guerra)
ANDRÉ KOSTERS/ LUSA

O ministro dos Negócios Estrangeiros português indicou que havia três reféns com nacionalidade portuguesa em Gaza, desconhece-se a situação de dois e outro foi dado como morto. Paulo Rangel destaca ainda a importância de Portugal na mediação da situação em Gaza

O ministro dos Negócios Estrangeiros garantiu que Portugal tem um "papel de mediação muito importante" no conflito em Gaza, nomeadamente junto do Governo israelita. Durante uma audição na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros, a pedido do Bloco de Esquerda e do PCP sobre a situação na Faixa de Gaza, Paulo Rangel admitiu avançar com o reconhecimento do Estado palestiniano caso represente "um passo decisivo".

Instado pelos dois partidos a esclarecer por que motivo Portugal ainda não fez o reconhecimento formal do Estado da Palestina, o chefe da diplomacia portuguesa reiterou que o Governo está "em permanente avaliação dessa situação". Paulo Rangel sustentou que "em termos jurídicos, os requisitos para o reconhecimento não estão preenchidos", acrescentando: "Mas nós também não vamos esperar que eles estejam".

O ministro português informou ainda que está a procurar um consenso na União Europeia (UE) para reforçar o apoio à Autoridade Palestiniana. “Portugal liderou um processo, juntamente com Dinamarca e Grécia, em que defendemos que seja dada uma ajuda sistemática ao atual governo da Autoridade Palestiniana para se capacitar, porque o roteiro [para o pós-guerra] que propõe é extremamente construtivo", afirmou e acrescentou que era incompreensível Israel não aproveitar a proposta.

O objetivo é "trazer os 27 [da UE] para a capacitação da Autoridade Palestiniana" e dar-lhe "mais meios financeiros, logísticos e recursos humanos", além de "apoiar mais as Nações Unidas naqueles territórios a prepararem aquele futuro Estado palestiniano". A proposta será debatida na próxima semana no Conselho de Negócios Estrangeiros, no Luxemburgo.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português anunciou ainda que deu parecer desfavorável à exportação de armas e munições para Israel. O ministro disse que "não seria favorável a uma suspensão, em princípio" do acordo, mas, sustentou, "é óbvio que há medidas que devem ser tomadas", exemplificando com a "medida unilateral" adotada por Portugal em relação às exportações.

Questionado sobre a existência de portugueses entre os reféns, Rangel disse ainda que dois reféns de nacionalidade portuguesa permanecem retidos em Gaza, desconhecendo-se a sua situação atual. Indicou que havia três cidadãos nacionais entre os reféns, um dos quais soube-se recentemente que estava morto.

OUTRAS NOTÍCIAS QUE MARCARAM O DIA:

⇒ “A situação é grave” e os Estados Unidos querem evitar “uma guerra em grande escala”, afirmou Amos Hochstein, enviado especial do Presidente dos Estados Unidos, durante uma visita a Beirute, citado pela agência francesa AFP. “É do interesse de todos resolvê-lo rápida e diplomaticamente, o que é exequível e urgente”, disse ainda.

⇒ Pelo menos 13 pessoas morreram durante bombardeamentos israelitas contra o campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, segundo a agência palestiniana Wafa. As equipas de resgate registaram vários feridos. A agência também dá conta de atentados bombistas contra o campo de refugiados de Bureij, no centro da Faixa, sem especificar o número de vítimas.

⇒ O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, garante que o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, prometeu, na última visita a Israel, eliminar os obstáculos à entrega de armas, que considera essenciais para o avanço da ofensiva contra o Hamas. "É inconcebível que, nos últimos meses, a administração norte-americana tenha retido armas e munições", explicou Netanyahu. Agora que o "maior aliado" dos Estados Unidos está "a lutar pela sua vida, contra o Irão e outros inimigos comuns", disse esperar "um gesto" da administração do Presidente norte-americano.

⇒ O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou que a retenção de um carregamento de armas para Israel, devido a preocupações com o uso desse tipo de armamento em áreas densamente povoadas, não põe em dúvida o apoio de Washington ao país.

⇒ O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, ameaçou o Hezbollah esta terça-feira, justificando que o grupo fotografou os portos de Haifa, explorados por grandes empresas internacionais chinesas e indianas, e ameaçou danificá-los. “Estamos muito próximo do momento em que decidiremos alterar as regras do jogo contra o Hezbollah e o Líbano. Numa guerra total, o Hezbollah será destruído e o Líbano duramente atingido”, afirmou Katz através de um comunicado oficial e em mensagem na rede social X.

⇒ O ministro da Segurança Nacional israelita, Itamar Bev Gvir, apelou à ocupação de toda a Faixa de Gaza, na reunião inaugural de uma assembleia parlamentar "para a renovação dos colonatos" no enclave palestiniano, que junta deputados de extrema-direita.

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