Israel intensifica ataques em Rafah e entra na "lista da vergonha" de países que violam direitos das crianças: 253 dias de guerra
Deslocados na Faixa de Gaza
Mahmoud Issa/Reuters
Esta quarta-feira morreram mais 30 pessoas e 100 ficaram feridas, calcula o Hamas. Israel diz ter eliminado mais 10 militantes do movimento radical. A ONU colocou pela primeira vez Israel na lista de países que violam os direitos infantis ao atacar escolas e hospitais
Os bombardeamentos israelitas esta quarta-feira causaram pelo menos 30 mortos e mais de 100 feridos na Faixa de Gaza, elevando o total de vítimas mortais para 37.232, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.
O número total de mortos subiu para 37.232, 70% dos quais mulheres e crianças, e o número de feridos para 85.037, com cerca de 10.000 corpos ainda sob os escombros, referem as autoridades de Gaza.
Nas últimas horas, cinco habitantes de Gaza morreram e 17 ficaram feridos em ataques israelitas contra duas habitações no campo de refugiados de Nuseirat (centro) e fontes palestinianas indicam que as forças de Telavive utilizaram explosivos para destruir edifícios no centro de Rafah.
A agência noticiosa palestiniana Wafa noticiou também a morte de um civil num ataque de um drone a uma concentração de civis perto do porto de Gaza, a oeste da cidade. Nesta zona, o bairro de Zeitun continua a ser bombardeado com ataques aéreos.
Em Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, o exército intensificou esta quinta-feira os ataques, perto da passagem terrestre com o Egito, que continua fechada e impede a saída de mais de 11.000 habitantes de Gaza com problemas de saúde para receberem tratamento médico.
A situação das crianças de Gaza continua crítica e pelo menos 33 morreram de fome nos últimos oito meses, segundo dados de quarta-feira do governo do Hamas.
O exército israelita afirmou hoje, em comunicado, ter eliminado mais de dez militantes do movimento radical islâmico Hamas no centro de Gaza no último dia, "incluindo um participante no massacre de 7 de outubro", e destruído mais de 45 alvos, incluindo estruturas militares, lança-foguetes e túneis.
⇒ Pela primeira vez, o relatório anual do secretário-geral da ONU sobre Crianças em Conflitos Armados colocou as forças israelitas na sua “lista da vergonha” de países que violam os direitos das crianças, matando e mutilando menores e atacando escolas e hospitais. Também identificou pela primeira vez militantes do grupo islamita Hamas e da Jihad Islâmica palestiniana por matar, ferir e sequestrar crianças. O relatório regista um aumento de mais de 155% de violações graves em relação aos anos anteriores no conflito em Israel e no Território Palestiniano Ocupado, nomeadamente em Israel e na Faixa de Gaza e na Cisjordânia Ocupada.
⇒ A Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) alertou esta quinta-feira para apatia e inação face ao aumento do número de deslocados forçados, que ascendia a 120 milhões em maio, atingindo novos níveis históricos. “A UNRWA [agência para os refugiados palestinianos] estima que até ao final do ano passado, cerca de 1,7 milhões de pessoas (75% cento da população) tenham sido deslocadas na Faixa de Gaza pela violência catastrófica, a maioria das quais eram refugiados palestinianos”, calcula.
⇒ Os rebeldes Hutis do Iémen reivindicaram a autoria de um ataque com um barco carregado de explosivos no mar Vermelho que, segundo os EUA, causou "graves inundações" e danos a bordo de um cargueiro. Num comunicado, os Hutis disseram que realizaram uma "operação militar visando o navio Tutor no mar Vermelho, usando um drone marítimo, drones aéreos e mísseis balísticos", na noite de quarta-feira. Este ataque "causou graves inundações e danos à sala de máquinas", segundo o Comando Central do exército dos Estados Unidos (Centcom).
⇒ Os líderes de seis agências das Nações Unidas (ONU) e três organizações não-governamentais (ONG) apelaram à libertação imediata e incondicional dos 17 trablhadores humanitários detidos pelos rebeldes Huthis do Iémen. Alertando para o caráter sem precedentes - "não só no Iémen, mas a nível mundial" - das detenções, os signatários frisaram que as mesmas impedem diretamente a sua capacidade de chegar aos mais vulneráveis no Iémen.