A manifestação pró-Palestina iniciada há semanas na Universidade de Colúmbia, que já tinha contagiado outras universidades nos Estados Unidos e no estrangeiro, terminou na terça-feira com a polícia a invadir um prédio administrativo e a realizar dezenas de detenções.
Num comunicado, um porta-voz da Universidade de Colúmbia afirmou que os polícias entraram no campus após o estabelecimento de ensino superior ter solicitado ajuda.
Um acampamento montado pelos manifestantes para protestar contra a guerra na Faixa de Gaza foi esvaziado pela polícia, assim como o Hamilton Hall, edifício tomado pelos manifestantes na segunda-feira à noite.
“Depois de a universidade tomar conhecimento, durante a noite, de que o Hamilton Hall havia sido ocupado, vandalizado e bloqueado, não tivemos escolha”, refere o comunicado da Universidade de Colúmbia.
“A decisão de entrar em contacto com a polícia de Nova Iorque (NYPD) foi em resposta às ações dos manifestantes, não à causa que defendem. Deixamos claro que a vida no campus não pode ser interrompida indefinidamente por manifestantes que violam as regras e a lei”, sublinhou a nota.
As detenções ocorreram depois de os manifestantes terem ignorado um ultimato anterior para abandonarem o acampamento na segunda-feira, sob pena de serem suspensos.
Um acampamento na faculdade estava montado desde quinta-feira. Depois de a polícia ter chegado ao campus, os agentes baixaram uma bandeira palestiniana que estava no mastro do City College, enrolaram-na e atiraram-na ao chão antes de hastear a bandeira norte-americana.
Segundo a CNN, foram detidas mais de 100 pessoas. O porta-voz da NYPD, Carlos Nieves, disse não ter relatos imediatos de quaisquer feridos.
O que teria feito Donald Trump
O ex-Presidente Donald Trump, candidato republicano às eleições de 5 de novembro próximo, condenou os protestos pró-palestinianos nos campus universitários e censurou a Universidade de Colúmbia por não ter solicitado mais cedo a intervenção da polícia.
“Nunca devíamos ter chegado a esse ponto”, disse Trump, numa entrevista à televisão Fox News, referindo-se à intervenção policial de terça-feira à noite.
O ex-Presidente declarou, sem apresentar provas, que as manifestações pró-Palestina que se espalharam por outros campus universitários não são espontâneas. “Penso que há agitadores pagos”, disse, aludindo à exibição de “faixas idênticas”, “feitas com a mesma impressora”.
Outras universidades, outros protestos
⇒ Confrontos eclodiram à margem das manifestações pró-palestinianas no campus da Universidade da Califórnia (UCLA), em Los Angeles, segundo imagens transmitidas pela televisão norte-americana. A polícia de Los Angeles “respondeu imediatamente ao pedido (das autoridades universitárias) de ajuda no campus”, escreveu um porta-voz da cidade na rede social X.
⇒ No City College de Nova Iorque, os manifestantes mantinham-se num impasse com a polícia do lado de fora do portão principal da faculdade pública. Um vídeo publicado nas redes sociais na noite de terça-feira mostrou polícias a imobilizar algumas pessoas no chão e a empurrar outras, enquanto afastavam pessoas das ruas e calçadas. Muitos manifestantes detidos foram expulsos da cidade e colocados em autocarros.
⇒ A Brown University chegou a um acordo na terça-feira com os manifestantes no seu campus em Rhode Island. Os manifestantes disseram que encerrariam o seu acampamento em troca dos administradores votarem para considerar o desinvestimento de empresas que apoiam Israel. Pela primeira vez, uma faculdade dos EUA concorda em votar sobre o desinvestimento diante dos protestos contra a guerra de Israel na Faixa de Gaza.
⇒ Na passada segunda-feira, a polícia de Paris foi chamada a intervir na Universidade de Sorbonne para expulsar ativistas que defendiam a causa palestiniana, repetindo situações que começaram nas universidades norte-americanas.
Nas últimas duas semanas, a polícia entrou noutros campus nos Estados Unidos, levando a confrontos e mais de 1000 detenções. Em casos mais raros, os responsáveis universitários e os líderes dos protestos chegaram a acordos para restringir a perturbação da vida nas universidades e das cerimónias de formatura que se aproximam.
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