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Guerra no Médio Oriente

“Na perspetiva de Israel, a guerra com o Irão está longe de terminar”

Iranianos celebram ataque contra Israel
Iranianos celebram ataque contra Israel
NurPhoto

Após os ataques com drones e mísseis iranianos contra território israelita, foi aberto um precedente que pode conduzir a uma escalada perigosa. Os EUA exercerão pressão diplomática para que Israel não responda à retaliação iraniana, mas os israelitas deverão contra-atacar. O Irão já prometeu nova ofensiva, se Israel não der o assunto por terminado. Numa noite ficou em risco a estabilidade no Médio Oriente

Dos cerca de 300 mísseis e drones lançados pelo Irão contra Israel, 99% foram intercetados, garantiram os militares israelitas, depois de uma noite em que se evitou o pior. Mas Joe Biden fala de um ataque “sem precedentes”.

O Irão lançou centenas de drones, bem como mísseis de cruzeiro, contra Israel, naquele que foi o primeiro ataque direto da república islâmica ao Estado hebraico, em resposta ao ataque de 1 de abril a um edifício diplomático iraniano na capital da Síria, Damasco, que matou uma importante figura do Governo iraniano, Guardas Revolucionários Islâmicos e oito outros funcionários.

Os analistas acreditam que Teerão decidiu retaliar para não enfrentar a desmoralização interna. Agora aumentam os receios de uma escalada do conflito regional, mas não se prevê que as ofensivas vão além do Médio Oriente.

“O Governo iraniano estava sob significativa pressão política interna e regional para fazer algo em resposta ao ataque de Israel ao seu complexo diplomático em Damasco”, diz ao Expresso Sean Foley, professor na Universidade do Tennessee Central, nos Estados Unidos, e perito em História do Médio Oriente.

O “Wall Street Journal” noticiou que havia grafittis em Teerão a criticar o Governo iraniano, sugerindo que o Executivo não tinha vontade de atacar Israel. “Para Teerão, a chave era encontrar uma forma de fazer uma declaração a Israel e à região sem desencadear um conflito mais amplo que pudesse levar a danos significativos ou atrair Washington para a guerra”, refere Sean Foley.

O ataque desta noite “parecia adequar-se a esses objetivos”, de acordo com o investigador. “Aconteceu depois de Israel e os seus aliados terem pré-posicionado meios militares para defender Israel. Os iranianos inicialmente utilizaram drones que se moviam de forma relativamente lenta, dando a Israel tempo para se preparar e, portanto, limitando a quantidade de danos que provavelmente ocorreriam.”

De facto, "muito poucos danos foram causados”, a avaliar pelas declarações do ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant. A noite foi marcada por sirenes que se fizeram ouvir por todo o país e explosões visíveis no céu. A primeira onda de lançamentos atingiu Israel por volta das 2h00, horário local (00h00 em Portugal continental), e os sistemas de defesa aérea israelitas começaram a funcionar. Os ataques iranianos causaram “danos menores” à base aérea de Nevatim, no sul de Israel, disse mais tarde o porta-voz do Exército, Daniel Hagari. “Apenas alguns mísseis caíram no território do Estado de Israel, com estragos ligeiros numa base militar no sul”, adiantou Hagari.

Já o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, afirmou que as forças dos EUA intercetaram “dezenas de mísseis e veículos aéreos não tripulados a caminho de Israel”, e Gallant elogiou a assistência dos EUA e de “outros parceiros”.

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