As mais recentes declarações do primeiro-ministro de Israel evidenciam que o fim do conflito Israel-Hamas pode não ter, de momento, um fim à vista. Esta quarta-feira, Benjamin Netanyahu, deixou clara a sua intenção de iniciar uma ofensiva terrestre contra Rafah, no sul da Faixa de Gaza. O primeiro-ministro classificou a invasão de Rafah como “necessária”, mas que “levará algum tempo” até que as forças de Israel estejam prontas.
Apesar dos avisos constantes por parte de várias organizações de defesa dos direitos humanos para as consequências de uma possível invasão, Netanyahu revelou que o “plano operacional” a nível militar “já foi aprovado". O discurso do primeiro-ministro de Israel surge durante o terceiro dia de cerco ao complexo hospitalar de Al-Shifa e no mesmo dia em que morreram mais de 30 pessoas em ataques israelitas contra vários campos de refugiados na Faixa de Gaza e Cisjordânia.
“Continuamos a operar em Jan Yunis, nos campos de refugiados localizados no centro da Faixa de Gaza, para conseguir a eliminação e captura dos altos cargos do Hamas, tal como fizemos no hospital Al-Shifa, onde eliminamos centenas de terroristas”, afirma Netanyahu.
A pedido de Joe Biden, Israel vai enviar um conjunto de representantes a Washington, na próxima semana, para discutir alternativas à ofensiva terrestre em Rafah. Para além do ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, está confirmada a presença do ministro dos Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, e do conselheiro de Segurança Nacional, Tzachi Hanegbi.
Também no 166º dia do conflito Israel-Hamas, o grupo terrorista acusou Israel de dar resposta “negativa” e não facilitar as negociações para um possível cessar-fogo em três fases. Para Osama Hamden, um dos líderes principais do Hamas, a falta de cooperação por parte de Israel pode levar as conversações mediadas pelo Qatar a um “beco sem saída”.
"A resposta à proposta das três fases apresentada aos mediadores foi negativa e não responde às exigências do nosso povo. Estas incluem a cessação das hostilidades em Gaza e o regresso dos deslocados às suas casas, bem como a retirada do exército israelita da Faixa de Gaza", afirmou.
Hamdan disse que o Hamas mostrou "flexibilidade", enquanto Israel "continua a afastar-se das questões que já foram acordadas" e a "adiar" uma resposta positiva, o que pode significar o fim definitivo das negociações.
OUTRAS NOTÍCIAS QUE MARCARAM O DIA
⇒ A Organização Mundial de Saúde, partilhou na rede social X (antigo Twitter), uma infografia referente aos total de ataques a infraestruturas de saúde desde o início do conflito a 7 de Outubro de 2023. Na publicação pode ler-se que foram registados “410 ataques aos cuidados de saúde na Faixa de Gaza. Os ataques resultaram em 685 mortes, 902 feridos, danos em 99 instalações e afetaram 104 ambulâncias. A OMS apela ao respeito do direito internacional e à protecção activa dos civis e dos cuidados de saúde."
⇒ A Arábia Saúdita anunciou, esta quarta-feira, que enviou 37 milhões de euros para a agência da ONU destinada a ajudar os refugiados palestinianos. Estima-se que pelo menos 20 mil possam receber tendas para se abrigarem e outras 250 mil pessoas possam vir a receber alimentos, numa altura em que a Faixa de Gaza enfrenta uma situação de fome severa. Vários países, incluíndo os Estados Unidos, suspenderam o financiamento à UNRWA após suspeitas de que alguns funcionários teriam ligações ao Hamas e estariam envolvidos nos ataques de 7 de Outubro de 2023.
⇒ Ao lado de António Guterres, a Presidente da Comissão Europeia exigiu um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza e alertou para a situação de “fome severa” que se vive na região. Von der Leyen assegurou também que estão a ser analisadas futuras contribuições financeiras para a UNRWA, até as acusações à agência da ONU sejam confirmadas.
⇒ As forças israelitas reivindicaram a morte de 90 pessoas consideradas como potenciais membros do Hamas. Para além do número de mortos confirmados, as forças israelitas afirmaram ter detido outros 300 suspeitos de terrorismo durante a operação ao hospital Al-Shifa. Durante a operação militar ao complexo hospitalar, vários jornalistas no local foram detidos, amordaçados e despidos, segundo a estação televisiva al-Jazeera enquanto que a agência de notícias palestiniana Wafa afirmou que alguns doentes foram obrigados a abandonar o complexo.
⇒ Os mais recentes dados do Ministério da Saúde de Gaza (controlado pelo Hamas) confirmam que pelo menos 31.923 palestinianos foram mortos e 74.096 foram feridos em ataques israelitas em Gaza desde o início do conflito.
Artigo de Mariana Jerónimo, editado por João Cândido da Silva
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